Brasil ainda não define metas para transição energética, apesar de acordo internacional de cooperação com a AIE em vigor.

Brasil mantém indefinições sobre transição energética

No final de janeiro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assinou um acordo de cooperação com a Agência Internacional de Energia para acelerar a transição energética no país e no mundo. No entanto, o Brasil ainda não estabeleceu uma data como meta para abandonar os combustíveis fósseis, mesmo que tenha assumido junto à ONU o compromisso de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050.

O país carece de prazos intermediários específicos para reduzir o uso e produção de fontes de energia poluentes. O Plano Clima, lançado em 2008 e nunca atualizado desde então, está defasado, sem previsões atualizadas alinhadas com os compromissos climáticos internacionais firmados após o Acordo de Paris.

Durante o último Fórum Econômico Mundial, o ministro Alexandre Silveira destacou que o petróleo ainda será uma fonte energética importante nas próximas décadas, apesar de não ser oficialmente uma meta brasileira. A falta de um plano claro e atualizado para a transição energética preocupa especialistas, como Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, que frisa que a política atual ainda favorece a expansão dos combustíveis fósseis até 2030.

O Brasil, apesar de ter uma matriz elétrica majoritariamente limpa, com 87% de fontes renováveis em 2022, planeja aumentar significativamente a produção de petróleo e gás nos próximos anos. Essa contradição entre avanços na matriz elétrica e investimentos em fontes poluentes levanta questionamentos sobre a coerência das políticas energéticas do país.

Enquanto o Ministério de Minas e Energia destaca a importância do petróleo para a economia e propõe o uso dos recursos provenientes da atividade petrolífera para financiar a transição energética, especialistas como Ricardo Baitelo afirmam que o Brasil tem potencial para chegar a 100% de renováveis na geração de eletricidade até 2035, mas a falta de investimentos e estratégias claras limitam esse desenvolvimento.

Diante desse cenário, o Brasil precisa definir medidas, investimentos e políticas climáticas mais concretas e assertivas, alinhadas com os compromissos globais de redução de emissões e transição para fontes de energia mais limpas. Enquanto isso, países como Espanha e Chile adotam políticas agressivas de eliminação dos combustíveis fósseis, servindo de exemplo para uma transição energética mais consistente e eficaz.

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