Almerinda Farias Gama: a sufragista negra, feminista e nordestina que inspira o reconhecimento histórico e a luta pela igualdade

Revolucionando a História: Almerinda Farias Gama e Sua Trajetória Feminista

Uma mulher, vestida com pompa e alegria, diante de uma urna eleitoral. Parece uma cena comum nos dias de hoje, mas em 20 de julho de 1933, foi um marco histórico. Almerinda Farias Gama, uma alagoana negra, feminista e ativa sufragista, caminhava em direção ao seu direito de voto com determinação e coragem. Hoje, completando 92 anos dessa conquista, a figura de Almerinda ressurge das sombras do esquecimento, trazida à tona por uma pesquisadora determinada.

Cibele Tenório, jornalista e historiadora alagoana, mergulhou fundo na vida de Almerinda em busca de respostas e reconhecimento. O que descobriu foi uma mulher que viveu entre maio de 1899 e março de 1999, mas cuja história permanecia obscurecida pela falta de registros. Sua pesquisa de mestrado, concluída em 2020 na Universidade de Brasília, resultará em um livro graças ao apoio da editora Todavia.

Almerinda não se limitava ao voto e à militância feminista. Datilógrafa habilidosa, ela se destacava em um mundo dominado por homens. Atuava ativamente na Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, recebendo tarefas importantes e participando ativamente das discussões e ações do movimento sufragista. Além disso, era candidata política, participando ativamente na campanha eleitoral de 1934.

A pesquisadora ressalta a importância de resgatar a história de Almerinda, que mesmo após sua morte, permaneceu esquecida. O reconhecimento de seu legado é essencial para trazer à luz não apenas a luta das mulheres, mas a luta das mulheres negras, que enfrentam diversas formas de opressão e invisibilidade.

Diante dessas descobertas, a administração municipal de Maceió tem se mobilizado para homenagear Almerinda e trazer sua história para o conhecimento público. Uma praça, chamada Parque da Mulher, será inaugurada em breve, onde 100 mulheres referências de Alagoas serão homenageadas, incluindo Almerinda. Além disso, há o movimento para instituir o “Dia de Almerinda” em 16 de maio, data de seu nascimento, como uma forma de eternizar sua memória e sua luta.

A neta de Almerinda, Juliana Leite Nunes, expressa sua alegria em ver a avó recebendo o reconhecimento que merece. Lutando por igualdade salarial, direitos trabalhistas e pelo direito ao voto, Almerinda deixou um legado de resistência e determinação que inspira gerações até hoje.

Em um mundo onde a hostilidade e a violência política contra as mulheres persistem, a história de Almerinda nos lembra da importância de reconhecer e valorizar as vozes femininas. A luta continua, e é papel de todos nós dar voz a essas histórias de resistência e empoderamento. Almerinda, com sua coragem e determinação, abre caminho para que mais mulheres possam assumir seus espaços e lutar por um futuro mais igualitário e justo.

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