Grupo Guaianases: o importante legado periférico na arte paulistana que desafia o tempo e a morte de seus membros.

Grupo Guaianases e o Legado Periférico na Arte Paulistana

Nos anos 80 e 90, um coletivo de artistas da Zona Leste de São Paulo marcou a cena artística local e deixou um importante legado que perdura até os dias atuais. O Grupo Guaianases, formado pelos pintores Antonio Vitor, Charbel Hanna El Otra, Décio Soncini, Francisco Gonzalez e Jair Glass, teve um impacto significativo na história da arte periférica em São Paulo.

De origem proletária, os artistas se reuniam regularmente na região de Itaquera e Guaianases, discutindo ideias, pintando ao ar livre com seus cavaletes, ou trabalhando no ateliê de Antonio Vitor. Fortemente influenciados pela estética expressionista, mas com tendências surrealistas entre alguns membros, o Grupo Guaianases representava uma expressão artística diversificada e rica em experiências de vida.

O núcleo original do grupo se conheceu no bairro e na Faculdade de Belas Artes, onde estudavam. A influência proletária estava presente na origem das famílias dos artistas, com a maioria dos membros provenientes de famílias de classe trabalhadora. A exceção foi Décio Soncini, o único com origem de classe média, sendo chamado de “burguês da turma” por seus colegas.

Nos anos 80, o Grupo Guaianases encontrou espaço na Galeria Paulo Prado, nos Jardins, onde realizaram exposições individuais e tiveram a oportunidade de mostrar sua arte para públicos mais elitizados. Foi nesse período que o nome “Guaianases” surgiu, em referência ao local de origem dos artistas. A galeria se tornou um espaço fundamental para a visibilidade do grupo, contribuindo para a consolidação de suas carreiras.

Após a disseminação do grupo e a morte de alguns de seus membros, a obra de Antonio Vitor manteve-se viva, e seu legado pode ser contemplado atualmente no Instituto Casa Antonio Vitor. Fundado em 2020, o Instituto reúne todo o acervo do artista, incluindo milhares de desenhos, centenas de quadros e objetos. O objetivo é preservar, restaurar e mostrar a obra de Vitor para as novas gerações, resgatando a memória e o impacto do Grupo Guaianases na cena artística periférica de São Paulo.

Conforme Nilza Ruth da Silva, irmã de Antonio Vitor, a obra do artista está intrinsecamente ligada à classe proletária, e o Instituto busca manter viva essa conexão, preservando o legado do Grupo Guaianases. Com uma equipe de voluntários, a instituição visa transformar-se em um centro cultural no futuro, contribuindo para suprir a carência desse tipo de equipamento na região.

O Grupo Guaianases marcou presença em um cenário adverso, mantendo-se fiel às suas origens e representando a periferia de São Paulo por meio de suas expressões artísticas. A perseverança em preservar e mostrar a obra desses artistas é um testemunho do impacto duradouro que o coletivo teve na história da arte paulistana.

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