Os números foram obtidos por meio da nova versão do Termômetro do Código Florestal, uma ferramenta desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) em parceria com outras instituições. O estado mais impactado pelas sobreposições em relação às florestas públicas não destinadas é o Amazonas, que possui uma área de mais de 13 milhões de hectares.
A problemática das sobreposições também afeta territórios tradicionais, com 12% do total das áreas afetadas correspondendo a terras indígenas e comunidades quilombolas. No caso das comunidades quilombolas, a área afetada chega a 993 mil hectares, o que representa 2,5% do total de sobreposições.
Além disso, o levantamento também revelou que a maior parte das áreas de reserva legal, que são as áreas de vegetação que devem ser preservadas segundo o Código Florestal, está concentrada na Amazônia e no Cerrado, totalizando 87 milhões de hectares, o que corresponde a 78% do total.
Esses dados levantam questões importantes sobre a preservação do meio ambiente e a necessidade de uma gestão mais eficiente das áreas rurais no país. A sobreposição de imóveis rurais com áreas destinadas à conservação ambiental e territórios tradicionais mostra a urgência de políticas públicas que visem conciliar a produção agropecuária com a preservação ambiental e o respeito aos direitos das comunidades tradicionais.
O Observatório do Código Florestal destaca a importância de monitorar essas sobreposições e promover o diálogo entre diferentes atores para encontrar soluções que busquem o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente e das comunidades que dependem desses recursos naturais.