Pastores reconhecem mudança climática, mas resistem a abraçar pauta ambiental nas igrejas evangélicas, dizem líderes.

Pastores ignoram estragos no meio ambiente

Líderes religiosos importantes no Brasil, como Silas Malafaia e Edir Macedo, reconhecem que há uma mudança climática em curso, e não se pode isentar o homem pelas catástrofes em série que vemos por aí. No entanto, há relutância em levar essa pauta para dentro das igrejas evangélicas, o que tem minado alianças pragmáticas, como as com o agronegócio. Lideranças do segmento admitem que o engajamento ambiental entre fiéis deixa a desejar.

Segundo o sociólogo Renan William dos Santos, muitos pastores não incorporam a agenda ambiental de forma robusta e sistemática não por negacionismo, mas por falta de incentivos relevantes. Ele também menciona que organizações transnacionais como A Rocha, especializada em produzir materiais ecológicos para o público evangélico, não conseguiram prosperar no Brasil.

Silas Malafaia, por exemplo, já pregou que tornados, tsunamis, tempestades e deslizamentos são apenas uma amostra do que está por vir e que não podem ser considerados castigos divinos ou ações diabólicas. Ele também destaca que a poluição de rios e mares, desmatamento, construções irregulares em encostas, lixos jogados na mata e aumento da emissão dos gases gerando o efeito estufa são ações provocadas pelo homem, os principais agentes de tamanha tristeza.

Outro líder religioso, Mário de Oliveira, discursou contra a displicência com os recursos naturais no Congresso em 2009, destacando que o desenvolvimento sustentável é o único que interessa.

Apesar da base evangélica não ser negacionista sobre o perigo que o planeta enfrenta, ainda há uma resistência em abraçar a pauta ambiental de forma mais sistemática e robusta. Isso se dá, em parte, pelo repúdio a influências ideológicas progressistas.

Enquanto no Brasil a atuação das igrejas evangélicas neste sentido ainda deixa a desejar, o Vaticano, demorou a reagir, mas se tornou importante protagonista no debate ambiental global, inclusive com ações mais efetivas do que no passado. O papa Francisco foi um dos principais defensores da agenda ambiental, marcando o Sínodo da Amazônia para discutir questões ligadas ao meio ambiente.

No Brasil, a resistência ambientalista historicamente foi influenciada por atores católicos ultraconservadores, como a TFP, que contestou as pautas ambientais na Eco-92, e Bertrand de Orleans e Bragança, ligado ao IPCO.

Apesar da resistência, a maioria dos religiosos, tanto no catolicismo quanto no protestantismo, reconhecem a importância de cuidar do meio ambiente e que é fundamental o diálogo com a ciência para enfrentar os desafios ambientais.

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