A visita de Ali ao Aristocrata foi marcada por um intuito especial. O pugilista, conhecido por propagar seus ideais de defesa dos direitos dos negros, ficou impressionado ao conhecer a instituição, que competia em importância com os clubes da elite branca de São Paulo. Os diretores do clube explicaram a Ali que o Aristocrata havia sido fundado para se contrapor aos clubes da elite branca, que normalmente discriminavam os negros, em resposta à escalada de racismo que tomava conta dessas instituições na época.
A histórica visitou reafirmou o propósito do clube em mostrar que a aristocracia não estava restrita aos brancos, mas também incluía a aristocracia negra. O impacto do Aristocrata na comunidade negra de São Paulo foi significativo, com suas festas marcando época na cidade e servindo como um espaço de pertencimento e resgate da identidade para muitos.
No entanto, o clube enfrentou períodos difíceis, perdendo seus sócios e enfrentando dificuldades financeiras que levaram ao fechamento de sua sede social no centro da cidade e posterior desapropriação pela prefeitura em 2011. Com o dinheiro da indenização, os poucos sócios remanescentes decidiram construir uma nova sede, no Planalto Paulista, e retomaram suas atividades, buscando manter viva a história e o legado do clube como um bastião contra o racismo estrutural em São Paulo.
A aposentada Martha Braga, que frequenta o clube desde os 17 anos e agora é a presidente da instituição, destaca a importância de manter o Aristocrata como um “quilombo urbano”, lutando para que os jovens se interessem novamente e levem adiante a causa do clube.
Assim, a visita de Muhammad Ali ao Aristocrata em 1971 não apenas marcou a história do clube como também reafirmou a importância de espaços como esse na luta pela igualdade e pelo combate ao racismo, além de destacar a importância do legado do pugilista como ativista dos direitos civis dos negros.