MPF denuncia mãe e filho por manter mulher em condições análogas à escravidão por mais de 70 anos no Rio de Janeiro

O Ministério Público Federal (MPF) protocolou na Justiça Federal uma denúncia contra uma mãe e seu filho, acusados de submeter uma mulher ao trabalho escravo por mais de sete décadas em sua residência no Rio de Janeiro. Segundo a denúncia feita pelo procurador da República Eduardo Benones na última sexta-feira (16), André Luiz Mattos Maia Neumann e Yonne Mattos Maia mantiveram Maria de Moura como trabalhadora doméstica, obrigando-a a executar jornadas exaustivas e não remuneradas, em condições degradantes e privando-a de sua liberdade de locomoção.

A exploração teria iniciado na década de 1940, quando Maria de Moura tinha apenas 12 anos e foi chamada para “morar e brincar” com as crianças da fazenda onde seus pais trabalhavam, propriedade pertencente aos avós de André Luiz Mattos. Durante todos esses anos, Maria foi afastada da família, teve seus interesses restringidos e foi proibida de desenvolver vínculos pessoais. A situação se agravou com a pandemia da Covid-19, quando a mulher foi impedida de receber visitas de seus parentes.

A denúncia ainda revela que durante uma fiscalização realizada pelo Ministério Público do Trabalho, André Mattos chegou a intimidar Maria de Moura para que mentisse às autoridades, negando qualquer tipo de trabalho para a família. A vítima também dormia em um sofá precário ao lado do quarto da acusada, para atuar como sua cuidadora a qualquer momento.

A ação movida pelo MPF requer que André Luiz Mattos e Yonne Mattos sejam condenados por submeter Maria de Moura a condições análogas à escravidão, além de pedir a indenização de R$ 150 mil por danos morais, sem prejuízo da responsabilização por danos patrimoniais promovidos em outras esferas judiciais.

A investigação também revelou que André Mattos retinha os documentos e o cartão de banco da idosa, sacando seu benefício previdenciário. Além disso, ele também foi acusado do crime de coação por meio de atos de violência e apropriação dos rendimentos da pessoa idosa, segundo o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003).

A denúncia feita pelo MPF se baseia em diversas condutas, como trabalho forçado, jornadas exaustivas, retenção de documentos e outras condições degradantes, todas caracterizadas como crime segundo a legismação vigente.

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