Impacto do uso do smartphone no ambiente de trabalho e suas consequências jurídicas: um novo desafio para as empresas.

O uso do smartphone no ambiente de trabalho tem se tornado uma preocupação cada vez mais relevante, levando em consideração os impactos que essa prática pode ter na vida profissional e pessoal dos trabalhadores, bem como na produtividade das empresas. Essa é a reflexão trazida pelo doutor e mestre em direito do trabalho pela PUC-SP, Eduardo Pragmácio Filho.

Durante sua participação no Congresso da Academia Brasileira de Direito do Trabalho, em outubro de 2023, Pragmácio levantou a questão da “nomofobia”, que se refere ao medo de ficar sem o celular e de não estar conectado à tecnologia. Segundo a OMS, essa dependência digital pode ser considerada um transtorno psicológico, o que desperta atenção dos estudiosos da área.

Um exemplo prático dessa dependência foi vivenciado no aeroporto de Guarulhos, onde uma greve ocorreu devido à proibição do uso de celulares no ambiente de trabalho. Essa medida foi estabelecida como forma de evitar acidentes de trabalho e garantir a segurança no manuseio das cargas, após um incidente envolvendo brasileiras presas na Europa, que levou à necessidade de maior controle no local.

O debate sobre o uso do smartphone no trabalho não se limita apenas à questão do direito à conexão, mas também envolve a saúde dos trabalhadores. Um estudo realizado por um médico do trabalho cearense, Pedro Fernandes Oliveira, analisou as repercussões do uso de smartphones na saúde de professores universitários. As implicações físicas, mentais e sociais desse uso foram abordadas, incluindo problemas ergonômicos, distúrbios do sono e impactos no convívio familiar.

Além disso, a proibição do uso de smartphones no ambiente de trabalho tem se tornado um tema abordado em convenções coletivas de trabalho, como no caso do setor de construção civil em São Paulo. A medida, em alguns casos, tem o objetivo de evitar acidentes de trabalho e garantir a produtividade dos colaboradores.

Diante desse cenário, Pragmácio ressalta a importância de um diálogo intenso entre o direito, a psicologia, a medicina e a engenharia, a fim de buscar soluções criativas para os problemas decorrentes da sociedade hiperconectada em que vivemos. Com o avanço da tecnologia, é fundamental que sejam estabelecidas políticas e práticas que promovam o equilíbrio entre a conectividade e a saúde dos trabalhadores, sem deixar de considerar os interesses e necessidades das empresas.

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