Homem negro é algemado após ser esfaqueado por homem branco em Porto Alegre; polícia inicia investigação.

Na tarde de sábado (17), em Porto Alegre, um homem negro de 40 anos, identificado como motoboy, foi vítima de uma facada desferida por um homem branco, de 72 anos. O incidente ocorreu em frente a um restaurante no bairro Rio Branco, segundo relatos de testemunhas. Um desentendimento entre a vítima e os policiais que chegaram ao local resultou na detenção do motoboy, que foi algemado e levado para a delegacia no camburão.

A Brigada Militar, em resposta aos acontecimentos, anunciou a abertura de uma sindicância para apurar as circunstâncias da abordagem. Enquanto isso, o governador Eduardo Leite (PSDB) se pronunciou nas redes sociais, informando que determinou uma investigação com “absoluta celeridade”.

Na delegacia, foram registrados três boletins de ocorrência. A Brigada Militar efetuou um BO de resistência contra o motoboy, enquanto este comunicou ter sido vítima de lesão corporal pelo idoso, além de abuso de autoridade por parte dos policiais. Ambos foram liberados após os procedimentos.

Vídeos gravados por testemunhas mostram a situação em que o motoboy foi puxado por um policial e posteriormente algemado, mesmo declarando que o verdadeiro culpado era o suspeito. A suspeita de motivação racial foi levantada, com pessoas presentes no local expressando indignação com o ocorrido.

A psicanalista Marina Pombo, que testemunhou o evento, afirmou que viu o suposto agressor se dirigindo a um grupo de motoboys que estavam em frente ao restaurante. O professor Renato Levin Borges, que também presenciou o incidente, gravou um vídeo no início da confusão e relatou que o motoboy foi esfaqueado no pescoço.

Segundo relatos de Marina Pombo, o policial se dirigiu diretamente ao motoboy para revistá-lo, enquanto o agressor não sofreu abordagem alguma. A psicanalista também mencionou que o idoso foi algemado somente após protestos das testemunhas.

O advogado Ramiro Goulart, que acompanhou o motoboy na delegacia, caracterizou o incidente como um “caso paradigmático de racismo estrutural”, enfatizando que os policiais possuem um viés que favorece o branco em detrimento do negro. A situação revela graves problemas estruturais que permeiam as relações policiais e a sociedade como um todo.

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