Estatuas de São Paulo: Exposição simbólica do poder e da desigualdade social nas homenagens aos cidadãos ilustres.

A estátua de Borba Gato, localizada na Chácara Santo Antônio, na Zona Sul de São Paulo, é o símbolo mais destacado do poder e influência do homem branco nas homenagens prestadas aos cidadãos ilustres do passado. Com 13 metros de altura, a estátua representa claramente a predominância de personagens do passado opressores, conservadores e escravistas que são exaltados na civilização paulista.

Segundo dados do Departamento de Patrimônio Histórico (DPH), em 2020, havia na capital paulista 367 monumentos, dos quais 200 homenageavam pessoas reais. No entanto, chama a atenção o fato de que 173 desses homenageados são homens brancos, 18 são mulheres brancas, e apenas cinco são pessoas negras, sendo quatro homens e uma mulher.

Além disso, há apenas quatro estátuas de indígenas na cidade, todas elas representando homens, em contraste com a grandiosidade da estátua de Borba Gato. Em 2021, o município decidiu homenagear cinco personalidades negras com estátuas espalhadas discretamente por vários bairros, incluindo músico Itamar Assumpção, a escritora Carolina de Jesus e o atleta Adhemar Ferreira da Silva.

Entretanto, a desigualdade na representação histórica é visível, com poucas estátuas de mulheres reais, incluindo tenistas, escritoras e médicas, em comparação com monumentos controversos na cidade que são alvos de contestação de movimentos sociais, como o Monumento às Bandeiras e a estátua de Duque de Caxias.

Existe, portanto, uma clara injustiça na curadoria histórica dos monumentos na cidade de São Paulo, que resulta na invisibilidade de negros, mulheres e indígenas, reafirmando o esquecimento que aflige esses grupos. A Prefeitura, para tentar reverter esse quadro, realizou uma consulta pública em 2021 com o objetivo de escolher mais cinco personalidades negras para serem representadas em esculturas da cidade, como a cantora Elza Soares e o geógrafo Milton Santos.

Essa iniciativa representa um avanço, porém, ainda é pouco diante da necessidade de revisão crítica da trajetória dos homenageados em monumentos na cidade de São Paulo. O desafio é promover uma representação histórica mais justa e equitativa, que valorize a diversidade e a contribuição de todos os segmentos da sociedade. A inclusão é essencial para garantir a representatividade e o reconhecimento da pluralidade de narrativas históricas.

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