O samba-enredo da agremiação homenageou os 40 anos de hip-hop em São Paulo e criou a ala “Sobrevivendo no inferno” como uma crítica à violência policial contra a população negra na cidade. No entanto, o governador considerou essa manifestação como de péssimo gosto, agressiva e desrespeitosa à polícia. A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) recebeu um ofício de deputados federais do Partido Liberal (PL), Capitão Augusto e Dani Alonso, ligados às forças de segurança, pedindo punição e corte de verbas públicas à escola.
O Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo) também divulgou um manifesto de repúdio ao desfile, alegando que a escola tratou com escárnio a figura dos agentes da lei. Já a escola de samba enfatizou que o samba-enredo tratava de um manifesto, uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip-hop. Além disso, a ala “Sobrevivendo no inferno” fazia uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais MC’s, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação.
A escola ainda ressaltou que, no contexto histórico da década de 1990, a segurança pública no estado de São Paulo era uma questão importante e latente, com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica. Portanto, a representação da ala fazia parte do enredo do desfile, inserindo os acontecimentos históricos no contexto em que ocorreram. A Vai-Vai afirmou que não tinha a intenção de promover polêmicas, mas sim prestar uma homenagem e inserir um importante debate na avenida.
Portanto, a controvérsia em torno do desfile da Vai-Vai no Sambódromo do Anhembi continua gerando debates e tensões entre autoridades políticas, forças de segurança e os representantes da escola de samba. O posicionamento de cada parte mostra que o desfile extrapolou os limites do entretenimento e acabou gerando conflitos e críticas acaloradas. A polêmica ainda promete render discussões nos próximos dias.