Meias arrastão brilham nos blocos carnavalescos de São Paulo, inspirando sensualidade e liberdade para foliões de todos os estilos.

No Carnaval de São Paulo, a meia arrastão causou sensação nos blocos de rua com suas variadas formas de uso. A trama que imita uma rede de pesca apareceu em luvas, turbantes, macacões, “croppeds” e blusinhas, sendo a queridinha dos foliões criativos que desfilaram pela maior cidade do país.

A escritora Dani Costa Russo, por exemplo, afirmou que o Carnaval é a hora de botar a bunda para fora e ressaltou a sensualidade de todos os corpos ao usar duas meias, uma “nude” e outra de liga preta, que moldaram e ressaltaram sua silhueta. Segundo ela, a arrastão já foi estigmatizada, mas hoje está associada à diversão e é vista como um ato de liberdade.

O uso da arrastão também serviu para vestir sem cobrir, como no caso de Dani Russo, que utilizou o modelo nas mãos e nos braços enquanto desfilava no bloco Jegue Elétrico, adaptando luvinhas de couro por cima para proteger os dedos na hora do batucar.

Leandro Castro, professor de moda do Senac São Paulo, afirmou que a meia arrastão se tornou um símbolo de sensualidade e liberdade, sendo um elemento muito utilizado no ‘dress code’ dos blocos e transbordando os universos da lingerie e das subculturas.

Além disso, a arrastão não se restringe aos membros inferiores, como mostrou o professor ao destacar que a peça popularizou-se entre as artistas que delineavam as formas de seus corpos e trabalhavam em salões de dança, e se tornou um elemento presente em manifestações culturais desde o século 16 na Europa.

Em meio ao calor tórrido do Carnaval paulistano, a criatividade dos foliões se destacou ao ressignificar a peça clássica, como no caso da cantora de blocos Aurora Bolaffi, que transformou uma meia arrastão furada em adorno para realçar os braços durante suas performances.

Ao longo do século 20, a meia arrastão também marcou presença em várias décadas, como nos “anos loucos” da década de 1920 e nos visuais “pin-ups” dos anos 1950, além de ter sido utilizada por artistas pop como Cindy Lauper, Madonna e Siouxsie Sioux nos anos 1980.

A praticidade da meia arrastão também foi destacada por foliões, como a empresária Juliana Matheus, que ressaltou que esse modelo é mais prático, não precisando ser retirado na hora de ir ao banheiro.

No meio de toda essa festa, o Carnaval serviu como um momento de empoderamento do corpo e da rua, como defendeu o iluminador Matheus Macedo, que associou a arrastão ao amor e à folia.

Dessa forma, a meia arrastão, em suas variadas formas de uso, transformou-se em um símbolo de liberdade, criatividade e sensualidade durante o Carnaval paulistano, ganhando destaque nos desfiles dos blocos de rua e ressignificando-se através das histórias e expressões dos foliões.

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