O Salgueiro, com o samba-enredo “Hutukara”, trouxe a história do povo yanomami, liderado por Davi Kopenawa, que também desfilou com a escola. Além disso, outras escolas como Grande Rio e Viradouro também trouxeram enredos que resgatavam mitos tupinambás e tradições religiosas africanas, respectivamente.
A Portela, por sua vez, trouxe um enredo inspirado na obra “Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Gonçalves, colocando em destaque a ancestralidade e a resistência das mulheres negras. Além disso, a escola fez questão de incluir no desfile mulheres vítimas da violência, como forma de dar visibilidade a essas histórias.
É importante destacar que o Carnaval não é apenas uma festa, mas também um espaço de resistência e de manifestação cultural. Através dos enredos das escolas de samba, é possível resgatar histórias e dar voz a narrativas que muitas vezes são esquecidas ou silenciadas. A literatura e o samba, nesse contexto, se complementam, trazendo à tona questões fundamentais para a reflexão e o debate na sociedade.
Portanto, o Carnaval de 2024 no Rio de Janeiro foi marcado por enredos que resgataram a história e a cultura dos povos originários e da população negra, dando visibilidade a narrativas que muitas vezes são deixadas de lado. Mais do que uma festa, o Carnaval se mostrou, mais uma vez, como um espaço de resistência e de afirmação da diversidade cultural brasileira.