Dívidas e risco de despejo ameaçam o Teatro da Vertigem, companhia teatral de renome com 32 anos de história no Brasil.

O grupo Teatro da Vertigem, um dos principais companhias teatrais do Brasil, que está prestes a completar 32 anos, está enfrentando uma situação financeira delicada que ameaça sua sede e seu acervo. A companhia acumula dívidas de aluguel, que se agravaram devido à dificuldade de ser aprovada em editais de cultura que poderiam garantir recursos para suas atividades.

Segundo a diretora Eliana Monteiro, a situação de endividamento já se arrasta por sete anos. O grupo já teve que se desfazer de equipamentos importantes, como projetores, uma mesa de som e dois computadores de alto valor. Todo esse problema ocorre mesmo com a existência de um edital aberto com base na Lei Aldir Blanc, que proporcionou uma trégua para a companhia em 2017.

Recentemente, o Teatro da Vertigem iniciou uma campanha de doações, divulgada por artistas como Matheus Nachtergaele, que já conseguiu 60% do valor necessário para quitar as dívidas e garantir seis meses de aluguel no atual endereço.

De acordo com Eliana Monteiro, vários fatores políticos e sociais contribuíram para a situação do Teatro da Vertigem. A diretora aponta que as políticas de incentivo dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro impactaram negativamente a classe artística, tornando-a “persona non grata” ao governo. O rompimento do patrocínio da Petrobras em 2017 também afetou significativamente a companhia.

Surpreendentemente, a companhia, apesar de sua longa história e nome consolidado, não tem conseguido viver somente do teatro e precisa buscar outras atividades para manter suas atividades e garantir sua sobrevivência.

O Teatro da Vertigem é reconhecido por ocupar espaços cênicos não convencionais, como igrejas, prisões e rios, e pelo trabalho colaborativo e aprofundado, que envolve pesquisas de campo. A companhia sofreu influências como de Antonin Artoud e Jerzy Grotowski e, entre suas obras mais recentes, está a performance-filme “Marcha à ré”, comissionada pela 11ª Bienal de Berlim e gravada por Eryk Rocha.

Eliana Monteiro destaca a importância da pesquisa teórica e do envolvimento profundo com os temas abordados nas obras da companhia. Para ela, a pesquisa teórica prepara o terreno para a pesquisa de campo, que por sua vez é essencial para a compreensão mais ampla e profunda dos temas abordados.

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