A partir de dezembro de 2023, o Brasil assumiu a presidência anual do G20, um fórum intergovernamental que reúne as maiores economias do mundo sob o lema “Sociedade Civil por um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”. Com a incumbência de liderar esse importante grupo, as organizações do Civil 20 (C20) enfrentam o desafio de garantir que os líderes globais considerem suas recomendações.
O C20, formalizado em 2013 durante a presidência Russa do G20, tem expressado preocupação com as históricas relações assimétricas de poder entre os países do G20, que agora inclui a União Africana desde 2023.
Uma das principais questões levantadas pelo C20 é a governança das instituições de Bretton Woods, que está centrada num sistema de cotas baseado na porcentagem das contribuições nacionais para o FMI (Fundo Monetário Internacional) e para o Banco Mundial, o que tem sido incapaz de eliminar crises financeiras e económicas, destacando as desigualdades entre seus membros.
O C20 também tem alertado para a concentração excessiva de capital e de riqueza e para os mercados financeiros desregulamentados, que geram desigualdades crescentes. Diante da pandemia de Covid-19, o C20 ressalta a incompetência do pensamento neoliberal em lidar com essa crise global.
Com a chegada do G20 ao Brasil em 2024, o C20 concentrará seus esforços nas políticas econômicas e financeiras do G20, propondo soluções para as dívidas dos países do Sul Global, promovendo bancos multilaterais alinhados ao desenvolvimento sustentável e a criação de mecanismos ágeis para gestão de crises. Além disso, a organização demanda a criação de um mecanismo formal e independente de accountability para monitorar e avaliar as decisões do G20.
A sociedade civil global está sendo convocada a participar dos dez grupos de trabalho através da chamada pública aberta no site do C20. As inscrições estão abertas até o dia 25 de fevereiro.
O C20 pretende insistir na promoção de políticas baseadas em direitos e resultantes de avaliações de seus impactos sociais e ambientais, visando reduzir as desigualdades, enfrentar a emergência climática e contribuir para a realização das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Sob a presidência do Brasil e no caminho para a presidência sul-africana em 2025, espera-se que haja um maior comprometimento para implantar os acordos assinados nas instâncias multilaterais. A responsabilidade das lideranças globais, principalmente as do Norte Global, é crucial para concretizar os compromissos que o G20 anuncia ao longo de sua história.
