Repórter São Paulo – SP – Brasil

Carnaval sustentável: catadores e cooperativas são cada vez mais presentes na reciclagem de resíduos festivos.

O Carnaval é uma das festas mais populares do Brasil, mas acaba deixando um rastro de resíduos recicláveis por onde passa. Arquibancadas, ruas, gramados e praias são mascarados por pilhas de plástico, alumínio, papelão e isopor. No entanto, cada vez mais blocos, patrocinadores e prefeituras estão contratando catadores autônomos e cooperativas para destinar esses materiais à reciclagem.

Essa mudança tem como base a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), estabelecida pela Lei 12.305, que institui a responsabilidade do gerador de resíduos de destiná-los de maneira ambientalmente correta, também conhecida como logística reversa. Grandes empresas, como a Ambev, investem em logística reversa no Carnaval, retirando toneladas de materiais recicláveis dos festejos.

Além da Ambev, o Instituto Heineken e a Solar Coca-Cola também patrocinam ações com catadores e cooperativas nos carnavais de São Paulo, Recife, Salvador e Rio de Janeiro, em parceria com a Ancat (Associação Nacional de Catadores).

Os catadores, que historicamente são os principais agentes do ecossistema de reciclagem no Brasil, têm uma contribuição significativa para o meio ambiente. Estima-se que sejam responsáveis por 9 em cada 10 kg de embalagens que chegam à indústria de reciclagem.

No entanto, há desafios a serem enfrentados, como a questão do reconhecimento e remuneração dos catadores. A ONG Pimp My Carroça mediou a contratação de catadores autônomos por blocos, evidenciando a importância de remunerar esse serviço prestado.

Em São Paulo, por exemplo, a falta de um decreto que regulamenta a lei que exige a adoção de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos em eventos públicos e privados é um entrave ao avanço da pauta da reciclagem no Carnaval. A deputada Marina Helou destaca que 2.000 toneladas de resíduos recicláveis poderiam gerar 20 mil postos de trabalho no Estado, mas a falta de regulamentação é um obstáculo ao avanço dessa prática.

Apesar dos desafios, a presença e a atuação dos catadores e cooperativas de reciclagem no Carnaval representam uma mudança importante para a destinação adequada dos resíduos e a preservação do meio ambiente, além de promover a inclusão social e a geração de renda para esses trabalhadores.

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