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Sambódromo: A Evolução do Samba e a História de um Ícone do Carnaval Carioca

O Encontro do Samba com a Arquitetura
No coração do Rio de Janeiro, um marco arquitetônico e cultural se destaca: o sambódromo, local que se tornou o epicentro do Carnaval carioca. Com uma história rica e uma ligação direta com a música e a arte, o sambódromo representa a evolução do samba e das escolas de samba ao longo dos anos.

O antropólogo Darcy Ribeiro, mentor do espaço, cunhou a palavra “sambódromo” como um apelido popular para o templo do Carnaval, e foi assim que, ao longo de quarenta anos, o nome oficial, Passarela Professor Darcy Ribeiro, foi esquecido. Esse lugar é a personificação da bagunça organizada, transformando a passarela cinza em uma festa de cores e exuberância.

Em 1984, a Marquês de Sapucaí foi palco da inauguração do sambódromo, marcando o início de uma nova era do Carnaval brasileiro. A história dos desfiles de escolas de samba no Rio de Janeiro remonta à Praça Onze, ponto de partida para as apresentações que culminaram na criação do sambódromo. Esses desfiles foram crescendo em importância ao longo dos anos, levando à necessidade de uma área definitiva para as apresentações.

O desejo se transformou em realidade após a promessa de campanha eleitoral de 1982, quando o governador Leonel de Moura Brizola decidiu que a obra sairia do papel. O arquiteto Oscar Niemeyer foi o responsável pelo projeto, que se tornou uma “aventura desenfreada”, como descreve o arquiteto João Niemeyer.

Desde então, o sambódromo tornou-se um ícone arquitetônico do Rio de Janeiro, marcado por suas arquibancadas imponentes e por sua capacidade de acomodar 72.500 pessoas. Ele desencadeou a construção de estruturas semelhantes em várias capitais do Brasil, solidificando seu legado como um ponto de encontro entre a cultura, a arquitetura e a história.

Ao longo dos anos, o sambódromo testemunhou momentos icônicos, como o Centenário da Abolição da Escravidão em 1988, que inspirou a Vila Isabel a conquistar seu primeiro campeonato no Grupo Especial. Já em 1989, a Beija-Flor ganhou destaque ao desfilar com a imagem do Cristo Redentor encoberto, marcando o fim da década.

No entanto, também foi palco de momentos tristes, como o acidente de 2017, quando um carro alegórico desgovernado atropelou e matou uma jornalista e feriu outras 20 pessoas. Em 2022, uma menina de 11 anos morreu após sofrer um acidente na dispersão do sambódromo, mostrando que, apesar de toda a alegria e celebração, o local também pode ser palco de tragédias.

Apesar dos altos e baixos, o sambódromo permanece como um monumento histórico, refletindo a evolução do samba e das escolas de samba ao longo das décadas. Não apenas como uma estrutura física imponente, mas como um local que abriga memórias, tradições e a essência viva da cultura brasileira.

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