Fapesp investiga desvio milionário de recursos destinados a pesquisadores da Unicamp no interior de São Paulo

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) está conduzindo uma investigação para apurar um possível desvio milionário de recursos destinados a pesquisadores da Unicamp, no interior paulista. A auditoria do órgão de fomento detectou possíveis irregularidades na prestação de contas de docentes ligados ao Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Até o momento, 28 professores foram identificados como possíveis vítimas de desvios de recursos, que segundo servidores da instituição, podem chegar a mais de R$ 2 milhões. A ex-funcionária da Funcamp (Fundação de Desenvolvimento da Unicamp), Ligiane Marinho de Ávila, é apontada como a responsável pelo desvio. Ela foi demitida por justa causa após o caso ser descoberto.

A Fapesp não confirmou os valores desviados, mas a Unicamp afirmou que a soma é vultosa. A fundação ainda ressaltou que os pesquisadores são responsáveis pela gestão dos recursos recebidos e, caso as irregularidades sejam comprovadas, os professores terão que devolver os valores desviados.

A ex-funcionária era responsável por realizar as prestações de contas dos recursos destinados às pesquisas dos docentes. Ela também abriu uma microempresa em seu nome, que tinha como atividade a manutenção e reparação de equipamentos e produtos não especificados. A investigação aponta que Ligiane emitiu notas frias em nome da empresa dela, desviando assim as verbas destinadas à pesquisa.

Além disso, a diretoria do Instituto de Biologia descobriu que a funcionária realizava transferências eletrônicas de valores variáveis para sua própria conta. A situação tem causado desconforto entre os servidores da universidade, que pressionam por uma medida enérgica da direção em relação à ex-funcionária.

A Unicamp e a Fapesp confirmaram que estão apurando o caso, mas não forneceram mais detalhes sobre as investigações. A Funcamp é uma fundação de direito privado que atua como intermediária entre terceiros e a Unicamp, viabilizando projetos acadêmicos e de pesquisa científica e tecnológica.

Não é a primeira vez que casos de desvio de verbas de pesquisas acadêmicas vêm à tona. Em dezembro de 2023, um ex-professor da USP foi condenado por liderar um esquema que teria desviado cerca de R$ 930 mil do programa de pós-graduação em zoologia do Instituto de Biociências da universidade. Marcelo Rodrigues de Carvalho emitia notas fiscais de compras de materiais e equipamentos em quantidades desproporcionais, acima das necessidades dos laboratórios.

Esse tipo de irregularidade compromete a credibilidade das instituições de pesquisa e gera um impacto negativo na reputação da comunidade acadêmica. A Fapesp e a Unicamp têm a responsabilidade de apurar e tomar as medidas necessárias para evitar que casos semelhantes voltem a acontecer no futuro.

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