Repórter São Paulo – SP – Brasil

Foliões de São Paulo optam por megablocos e desfiles organizados em fim de semana de pré-Carnaval.

O pré-Carnaval em São Paulo, que aconteceu no fim de semana, revelou uma mudança nos hábitos dos foliões, que optaram por seguir megablocos e desfiles organizados nas zonas sul e oeste da cidade, em detrimento dos blocos menores que ocuparam as ruas do centro, e que ficaram quase vazios.

A presença de nomes consolidados do Carnaval, como Alceu Valença, Chico César e Monoboloco, atraiu uma grande quantidade de foliões durante todo o final de semana na região do parque Ibirapuera, na zona sul. A alta expectativa em relação à programação fez com que os vendedores ambulantes disputassem espaço ainda de madrugada, formando filas de carrinhos de bebidas na entrada do complexo.

Segundo José Cury, representante do Fórum de Blocos de São Paulo, o Carnaval de rua na cidade prioriza o entretenimento, o que dificulta a atração de grandes públicos para os blocos menores. Este ano, a gestão do prefeito Ricardo Nunes registrou 118 cancelamentos de desfiles até a última quarta-feira, a maioria devido à falta de patrocínio suficiente para colocar os blocos na rua. As marcas priorizaram produções de peso que são garantia de atrair multidões.

A organização dos desfiles, liderada pelo secretário de Governo do município, Edson Aparecido, avalia que o público que costuma frequentar blocos preferiu ir a festas e bares no último fim de semana, o que resultou na destinação de menos verba ao Carnaval de rua.

O circuito na avenida Pedro Álvares Cabral, onde os trios elétricos ficaram parados, contou com revistas de segurança e apreensões de sombrinhas coloridas do frevo, o que causou indignação entre o público. Além disso, os ambulantes autorizados a vender apenas bebidas do patrocinador oficial foram abordados por promotores de outras marcas, que distribuíram brindes para o público.

Na zona oeste da cidade, o circuito delimitado atraiu bastante gente e a principal atração, o bloco Ritaleena, notou um aumento de público em relação ao desfile do ano anterior. Segundo Alessa Camarinha, uma das fundadoras do bloco, essa expectativa já era esperada, uma vez que era o primeiro Carnaval após a morte de Rita Lee. Ela avalia que os blocos médios adquiriram experiência ao longo do tempo e, agora, fazem desfiles mais elaborados, que caem no gosto do público.

A prefeitura foi criticada por fundadores de blocos menores, que afirmam que a falta de divulgação dos desfiles causou a baixa adesão de público. De acordo com a gestão Nunes, é esperado um público recorde neste Carnaval, superior aos 15 milhões registrados nas três semanas de folia em 2023.

A chuva foi um possível fator desanimador para alguns foliões, mas a previsão de tempestades para o fim de semana não se confirmou, e o período festivo foi marcado por apenas períodos isolados de chuva. A menor adesão a fantasias também foi percebida pelos organizadores dos blocos com atrações famosas.

No entanto, o pré-Carnaval frustrou também os ambulantes, que relataram vendas muito abaixo do esperado. A família Santana de Souza, por exemplo, vendeu apenas R$ 100 na Fradique Coutinho e na rua Henrique Schaumann. O faturamento foi muito menor em comparação ao ano anterior, o que os ambulantes atribuem aos cancelamentos de desfiles e à maior concentração de pessoas em menos lugares.

A previsão de tempestades pode ter desanimado parte do público, mas o Carnaval de rua de São Paulo, como mostrado no pré-Carnaval, tem passado por mudanças e desafios. A festa continua sendo um dos eventos mais esperados na cidade, mas com uma dinâmica diferente em relação a anos anteriores.

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