Repórter São Paulo – SP – Brasil

Esponjas marinhas sugerem que Terra pode ter esquentado 1,7°C, sinalizando urgência maior na luta contra mudanças climáticas.

Um novo estudo feito por cientistas coordenados por Malcolm McCulloch do Instituto dos Oceanos da Universidade do Oeste da Austrália, e Amos Winter, da Universidade do Estado de Indiana (EUA), sugere que a Terra já pode ter esquentado 1,7°C em relação à temperatura média anterior à era dos combustíveis fósseis. Essa conclusão foi feita a partir de medições feitas com base na estrutura de esponjas marinhas centenárias da espécie Ceratoporella nicholsoni.

As esponjas, encontradas no Caribe, perto das ilhas de Porto Rico e Saint Croix e também no Brasil, possuem uma estrutura física que permite analisar as condições ambientais do oceano ao longo do tempo de vida desses invertebrados. A variação na proporção dos elementos químicos estrôncio e calcário incorporados às camadas do esqueleto serve como um paleotermômetro, registrando as mudanças na temperatura da água com uma resolução estimada de 2 anos.

De acordo com os pesquisadores, as esponjas conseguiram registrar os períodos de resfriamento causados por atividades vulcânicas e também identificaram a fase inicial de aquecimento causado pela ação humana decorrente da queima de combustíveis fósseis após o início da Revolução Industrial. A análise das esponjas evidencia que o aumento médio da temperatura hoje seria cerca de 0,5°C superior ao calculado pelo IPCC, o painel climático das Nações Unidas.

O estudo, publicado na revista especializada Nature Climate Change, levanta questões sobre a urgência do problema das mudanças climáticas. Especialistas apontam que, se os resultados forem confirmados, isso representa um alerta de que o aquecimento global está mais próximo de ultrapassar um dos objetivos do Acordo de Paris, que é manter o aumento da temperatura do planeta “bem abaixo” de 2°C em relação à média pré-industrial, e, se possível, em torno de 1,5°C.

Yadvinder Malhi, do Instituto de Mudanças Ambientais da Universidade de Oxford, destaca que é preciso interpretar os resultados com cautela, levando em consideração questões como a origem natural do aquecimento. No entanto, Shaun Fitzgerald, do Centro de Reparo Climático da Universidade de Cambridge, ressalta que a meta de 1,5°C do Acordo de Paris vale para o fim deste século e que ainda há possíveis abordagens para a remoção de gases-estufa da atmosfera que poderiam manter a meta viva.

Em resumo, esse novo estudo coloca em evidência a necessidade de medidas urgentes e eficazes para lidar com a crise climática, considerando que os impactos das mudanças climáticas podem se tornar mais graves e irreversíveis do que se imaginava. A comunidade científica e a diplomacia internacional precisam estar atentas a essas descobertas para direcionar ações e políticas que possam mitigar os efeitos do aquecimento global.

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