Força Aérea Brasileira intercepta avião suspeito em território indígena Yanomami, alvo de garimpo ilegal e crimes ambientais.

Na manhã desta segunda-feira, 29, a Força Aérea Brasileira (FAB) realizou a interceptação de um avião Cessna 182 que sobrevoava sem autorização a Zona de Identificação de Defesa Aérea (Zida) na região da terra indígena Yanomami, em Roraima. A aeronave foi considerada suspeita e desobedeceu à ordem de mudança de rota dada pela defesa antiaérea, resultando no disparo do “Tiro de Aviso”. O piloto acabou pousando em uma pista de terra e fugiu do local, deixando a aeronave para trás.

O incidente ocorreu a 110 quilômetros a oeste de Boa Vista, e a FAB e a Polícia Federal foram acionadas para monitorar o avião suspeito que estava envolvido em tráfico ilícito na região. Três aeronaves da Força Aérea participaram da missão, dando ordem para que o Cessna pousasse, ordem esta que foi ignorada pelo piloto. Diante da desobediência, foi necessário o uso do Tiro de Aviso para forçar o pouso.

Após a aterrissagem, um helicóptero com militares do Grupamento de Segurança e Defesa da Base Aérea de Boa Vista (GSD-BV) e agentes da PF foram enviados para o local, onde a aeronave foi apreendida, mas o piloto não foi encontrado. A Zida foi criada por decreto presidencial com o objetivo de reforçar o combate ao garimpo ilegal na terra indígena Yanomami, dividindo a região em áreas reservada, restrita e proibida.

Esta área é alvo constante de garimpeiros, o que vem gerando preocupação desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou estado de emergência na região devido ao avanço da malária e da violência no ano passado. No entanto, as lideranças indígenas afirmam que ainda há problemas nas operações de combate aos crimes ambientais, apontando a insuficiência do poder público, inclusive das Forças Armadas.

Em 2021, foram registradas 308 mortes de indígenas no território, apenas 10% a menos do que as 343 vítimas em 2020. A exposição à criminalidade tem afetado o trabalho dos profissionais de saúde que atuam na região e dificultado a abertura de postos de saúde, de acordo com o governo federal. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) aponta que a estrutura na área é insuficiente e a greve dos servidores do Ibama está prejudicando a fiscalização ambiental na região, que faz fronteira com a Venezuela e abrange aproximadamente 9,6 milhões de hectares no Amazonas e em Roraima.

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