Desigualdade S.A.: Fortunas dos bilionários dobram em três anos enquanto 5 bilhões sofrem com pobreza crescente

No início de 2021, a vacinação contra a Covid-19 trouxe esperança de que a humanidade sairia melhor de uma pandemia que já havia tirado a vida de milhões de pessoas. No entanto, três anos depois, os sinais apontam para uma direção oposta, revelando um aumento vertiginoso da desigualdade global.

De acordo com o relatório “Desigualdade S.A.” lançado pela Oxfam, a riqueza das cinco pessoas mais ricas do mundo, todos homens brancos, aumentou em 114% desde 2020. Ao mesmo tempo, 5 bilhões de pessoas na base da pirâmide de renda viram suas condições de vida piorar. Essa crescente desigualdade coloca em perspectiva um futuro sombrio, onde um trilionário caminhará sobre um planeta cada vez mais impactado pela crise climática e pela insegurança alimentar, levando ainda 230 anos para erradicar a pobreza global.

Essa realidade de policrise global tem sido caracterizada pelo aumento da distância entre os super-ricos que dominam as engrenagens do sistema e a grande maioria da população. De fato, nos últimos três anos, o patrimônio dos bilionários cresceu a uma taxa três vezes superior à inflação, chegando a US$ 3,3 trilhões a partir de 2020.

Esse crescimento da riqueza bilionária está intrinsecamente ligado ao poder das grandes empresas e monopólios globais. Mais preocupante ainda é o fato de que 34% das 50 maiores empresas com ações negociadas em bolsas têm bilionários como CEOs ou principais acionistas.

Essa concentração de poder permitiu aos bilionários maximizar seus lucros à custa da precarização das condições laborais, inibindo a luta sindical e contribuindo para a ampliação das desigualdades. No Brasil, um exemplo desse cenário é o caso das Lojas Americanas, que viu três dos principais acionistas, integrantes da lista dos dez maiores bilionários do país, ficarem R$ 16 bilhões mais ricos, ao mesmo tempo em que a empresa enfrenta uma fraude contábil de R$ 20 bilhões e demite mais de 10,6 mil funcionários.

Diante desse contexto, medidas urgentes são necessárias para reduzir as desigualdades e fortalecer o papel estratégico do Estado em setores como saúde, educação, energia e transporte, além de controlar o poder das grandes corporações por meio da quebra de monopólios e da revisão das leis de patentes. No Brasil, restabelecer a taxação sobre lucros e dividendos no IRPF, fortalecer a organização sindical e aprovar legislação que assegure mecanismos mandatórios de devida diligência em direitos humanos pelas empresas são passos fundamentais em direção a um futuro mais justo e igualitário, não apenas no país, mas em todo o mundo.

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