Violência armada tem aumento expressivo em capitais brasileiras, aponta levantamento do Instituto Fogo Cruzado em 2023.

O ano de 2023 foi marcado por um aumento assustador da violência armada em algumas das principais capitais do Brasil. De acordo com o relatório anual do Instituto Fogo Cruzado, Recife, Salvador e Rio de Janeiro foram cidades especialmente afetadas por essa escalada de violência.

No Rio de Janeiro, a zona oeste da capital enfrentou uma guerra entre milicianos e traficantes, resultando em um aumento de 53% no número de tiroteios em comparação com o ano anterior. Além disso, houve um aumento de 104% no número de mortos em decorrência desses confrontos armados. Um dia de terror e caos ocorreu quando 35 ônibus, estações de BRT e uma composição de trens urbanos foram incendiados como retaliação à morte de uma das lideranças da milícia em uma operação policial no mês de outubro.

No total, a cidade do Rio teve 2.953 tiroteios em 2023, resultando em mais de 960 mortes e 884 feridos. Embora haja uma queda de 18% nos confrontos, os números indicam que a participação da polícia nos tiroteios se manteve, representando 34% do total. Além disso, a maioria das vítimas eram jovens, com 25 crianças baleadas e 10 mortas ao longo do ano.

Já em Recife, a participação policial nos tiroteios aumentou em 48% em comparação com o ano anterior. Isso resultou em 2.076 baleados na capital pernambucana, sendo 113 atingidos com a participação policial. 2023 também foi o ano com o maior número de chacinas policiais, com 11 chacinas deixando 13 mortos na região metropolitana.

A situação em Salvador também é preocupante, com 1.413 mortos e 190 vítimas de chacinas que ocorreram durante ações ou operações policiais. Ao todo, a capital baiana registraram cerca de 1.800 confrontos armados e 1.783 baleados ao longo do ano.

De acordo com Maria Isabel Couto, diretora de dados e transparência do Instituto Fogo Cruzado, os dados refletem a realidade do país e são fundamentais para compreender a violência e cobrar por políticas públicas. Ela destacou a importância da coleta e sistematização de dados para produzir estatísticas e análises, evidenciar problemas e repensar a segurança pública em prol do bem-estar da população.

O instituto disponibiliza informações sobre tiroteios em tempo real através de um aplicativo de celular, contribuindo para o banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina. Os números alarmantes apresentados pelo relatório reforçam a necessidade de ações efetivas para lidar com o aumento da violência armada nessas capitais. A segurança pública continua sendo um desafio que demanda atenção e soluções urgentes.

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