O Ibama já havia informado à embaixada da Venezuela no Brasil sobre a existência de duas pistas clandestinas na região de fronteira entre os dois países. A pista destruída é a mesma que foi flagrada pela reportagem da Folha no último dia 10. As imagens divulgadas pelos militares venezuelanos têm semelhanças com essa pista.
Uma comitiva de ministros do governo Lula (PT) realizou uma visita à região de Auaris, na fronteira com a Venezuela, e durante o voo pôde ser observada a pista clandestina com nove aviões estacionados. O governo brasileiro chegou a planejar a destruição da pista e das aeronaves, mas o plano foi abandonado ao constatar que a estrutura estava localizada do lado venezuelano.
O Ibama já havia destruído duas aeronaves oriundas dessa pista clandestina na Venezuela, e em dezembro, um avião do mesmo suposto dono da logística do garimpo foi destruído pelo órgão ambiental. O responsável por essa logística, José Olímpio Lima Silva Sobrinho, foi multado em mais de R$ 3 milhões.
As aeronaves que utilizavam a pista na Venezuela operavam em garimpos nas regiões de Homoxi e Xitei, onde a exploração ilegal de ouro retomou força, tendo consequências diretas à saúde dos indígenas, com a desnutrição incorporada à rotina das crianças e surtos de malária corriqueiros.
Diante da persistência da crise humanitária dos yanomamis e dos repiques do garimpo ilegal, o governo federal anunciou a instalação de três bases de vigilância, com forças de segurança como a Polícia Federal e as Forças Armadas, com gastos previstos de R$ 1,2 bilhão.
O Ministério Público Federal em Roraima informou que a Justiça Federal estabeleceu uma multa de R$ 1 milhão caso o governo não apresente, em 30 dias, um novo cronograma de ações para enfrentamento ao garimpo na terra yanomami, atendendo a um pedido do MPF.
Uma audiência de conciliação foi realizada com integrantes do governo federal, e a União se comprometeu com um novo cronograma de ações de desintrusão e com a implementação de políticas públicas permanentes no território, conforme o MPF.