De acordo com os investigadores, essa nova etapa busca identificar os principais destinatários das informações ilegais produzidas por ações clandestinas da agência. No total, oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo cinco no Rio de Janeiro e três em Brasília, Formosa (GO) e Salvador (BA).
A Operação Vigilância Aproximada foi deflagrada na quinta-feira (25) com o propósito de investigar uma organização criminosa que se instalou na Abin. Segundo a PF, essa organização utilizava técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem qualquer controle judicial ou do Ministério Público.
A investigação tem como principal alvo o ex-diretor da Abin e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Ramagem foi nomeado diretor-geral da Abin em 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e exonerado do cargo em março de 2022, já durante o governo de Lula.
O uso ilegal da Abin consistia no monitoramento ilegal de autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial. Esse monitoramento teria sido feito por meio da ferramenta First Mile, utilizada para geolocalização de dispositivos móveis.
Além disso, a utilização irregular desse sistema de geolocalização já havia sido denunciada à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) pelas operadoras de telefonia. A Anatel confirmou que há três processos a respeito do assunto em andamento, mas que os documentos estão com restrições de acesso de acordo com hipóteses previstas na legislação.
A operação é considerada uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro do ano passado. As provas obtidas na época indicam que o grupo criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas do Estado para produzir informações para uso político e midiático, visando a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo a interferência em investigações da Polícia Federal.
Os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei, segundo a Polícia Federal.