Rio de Janeiro lidera número de mortes por efeitos de tempestades, com 1.511 óbitos entre 1991 e 2022.

No Rio de Janeiro, problemas causados pelas chuvas têm sido recorrentes ao longo dos anos. De acordo com um levantamento feito pela Folha de São Paulo, nos últimos 30 anos, o estado registrou o maior número de mortes no país devido a tempestades e seus efeitos. Entre 1991 e 2022, o Brasil contabilizou um total de 4.111 mortes por alagamentos, enxurradas, inundações, movimento de massa, tornado, vendavais, ciclones, chuvas intensas e granizo, e desse total, 1.511 foram no Rio de Janeiro.

Em 2011, a região serrana do Rio de Janeiro foi palco da maior tragédia climática do Brasil, deixando 870 mortos. Dados divulgados pelo governo federal apontaram que 8,9 milhões de pessoas vivem em áreas de risco geo-hidrológico em todo o país. Especialistas atribuem essas tragédias à combinação da geografia, a concentração populacional, a ocupação urbana e a falta de políticas públicas efetivas.

A estreita faixa de terra entre a serra e a Baía de Guanabara faz com que as chuvas desçam rapidamente das encostas, causando inundações na baixada fluminense. Além disso, a região serrana tem um solo raso sobre um maciço rochoso bastante fraturado, o que favorece o encharcamento do solo e a ocorrência de deslizamentos. A falta de medidas preventivas eficazes aumenta a vulnerabilidade da população.

O governo estadual afirma que tem investido em ações e obras de infraestrutura para mitigar os efeitos das chuvas. Desde 2021, foram investidos R$ 4,3 bilhões em obras de infraestrutura por meio do PactoRJ, com a perspectiva de mais de R$ 3 bilhões em investimentos para modernização e treinamento das equipes de resposta a emergências.

Apesar disso, muitos moradores de áreas vulneráveis preferem não seguir as recomendações das autoridades, optando por permanecer em suas casas mesmo diante do risco iminente de desastres. A precariedade das políticas sociais e de habitação, aliadas à falta de controle da ocupação do espaço urbano, intensificam a exposição da população de baixa renda aos perigos das chuvas.

Outro fator preocupante é a falta de manutenção das obras de prevenção. No projeto Iguaçu, que realizou o reassentamento de 3.000 famílias e dragagem do rio, apenas duas das cinco bombas de sucção estão funcionando, apesar do investimento de cerca de R$ 500 milhões. Esses dados levaram à criação de uma comissão na OAB-RJ, que atua na prevenção e mitigação dos riscos relacionados às chuvas.

Apesar de todos os esforços, as tragédias continuam a ocorrer. Em fevereiro de 2023, fortes chuvas atingiram a cidade de São Sebastião, no litoral norte, causando deslizamentos e resultando na morte de 64 pessoas. A situação requer um esforço coordenado entre autoridades, especialistas e comunidades para minimizar os impactos das chuvas e garantir a segurança da população.

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