Repórter São Paulo – SP – Brasil

Presidente argentino enfrenta primeira greve contra reformas trabalhistas e “Decretaço” em meio a resistência no Congresso.

Nesta quarta-feira, 24, o presidente argentino, Javier Milei, enfrenta a primeira greve geral convocada pela maior central sindical do país. A Confederação Geral do Trabalho (CGT) lidera a manifestação, rejeitando as reformas de Milei que limitam o direito à greve e o financiamento dos sindicatos.

A greve foi convocada no dia 28 de dezembro, como resposta ao anúncio do “Decretaço” por Milei, que altera 350 normas em diferentes áreas. Os artigos que tratam da reforma trabalhista haviam sido revogados pela Justiça no início do ano e a suspensão temporária foi decidida na Câmara Nacional de Apelações do Trabalho. A Suprema Corte deve avaliar a constitucionalidade do projeto em fevereiro.

Segundo Facundo Galván, cientista político da Universidade Católica Argentina (UCA), a greve tem um caráter simbólico, já que a CGT é vinculada ao peronismo e oposição a Milei. “As organizações sindicais que levaram parte da reforma trabalhista para a Justiça são contra tudo que o ‘Decretaço’ representa.”

A manifestação, que começou às 12 horas e está programada para terminar à meia-noite (horário de Brasília), reúne ferroviários, taxistas, trabalhadores de portos, do setor aeronáutico e funcionários de estatais. O governo, por sua vez, fez campanha para desencorajar o comparecimento à greve, inclusive ameaçando descontar o dia de trabalho dos funcionários federais e processar os grevistas.

Segundo analistas consultados pelo jornal, a greve não deve afetar as negociações de Milei no Congresso, já que a oposição peronista, que aderiu aos protestos, não participa das conversas. Milei prometeu descontar o dia de trabalho dos funcionários federais e a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, criou uma linha para denúncias de trabalhadores que se sintam ameaçados por piquetes.

Para reduzir a resistência dos deputados, Milei reenviou, na segunda-feira, um projeto reduzido ao Congresso, tirando da lista de privatizações a petrolífera YPF, alterando regras de aposentadorias, exportações e recuando em mudanças no sistema eleitoral. O protesto também teve apoio de atores, produtores e diretores, que fizeram Milei recuar no corte de verbas para a indústria cinematográfica.

Todos esses eventos demonstram a alta tensão política e social que envolve as reformas propostas pelo presidente argentino, Milei. Com a greve em andamento e os protestos nas ruas, o governo enfrenta um desafio significativo na implementação de suas políticas e na busca pelo apoio da população.

Sair da versão mobile