Desafios da USP: Cotas para alunos de escola pública, PPIs e trans são os maiores desafios para a próxima década da universidade.

A Universidade de São Paulo (USP) completou 90 anos em 25 de janeiro, e está em constante evolução para cumprir com seu mandamento inicial de formar as futuras classes dirigentes do país. Nos últimos anos, a instituição tem se deparado com um dos maiores desafios de sua história: oferecer oportunidades a todos, o que inclui a questão da diversidade étnico-racial e de gênero.

Em 2018, a USP adotou cotas raciais e para alunos de escola pública, sendo uma das últimas universidades do Brasil a fazê-lo. A representatividade, no entanto, ainda enfrenta desafios. Dos ingressantes nos cursos de licenciatura e bacharelado, mais da metade é proveniente de escolas públicas, sendo 27,2% autodeclarados pretos, pardos ou indígenas. No entanto, a representação desses graduandos diminui na pós-graduação, para apenas 9,1%.

A falta de representatividade também se reflete no corpo docente da USP, onde apenas 2,4% dos mais de 5.100 professores ativos são PPIs (pretos, pardos ou indígenas). A universidade reconhece que a diversificação do quadro de professores é um dos maiores desafios para a próxima década.

Professores da instituição, como Lucas Melo e Celso Oliveira, defendem a importância da representatividade entre quem toma decisões, pois impacta diretamente na permanência dos estudantes. Além disso, alunos cotistas também relatam dificuldades, como a falta de compreensão de suas realidades socioeconômicas por parte dos professores e a exigência de leituras em inglês, em um cenário em que nem todos têm domínio da língua.

Outro grupo que reivindica maior representatividade na USP são as pessoas trans. Atualmente, elas correspondem a 0,7% do total de matriculados na graduação e 0,2% na pós. A criação de cotas para esse grupo foi pleiteada durante uma greve geral na universidade, no fim de 2023, mas não foi atendida.

A falta de representatividade e de políticas inclusivas reflete uma realidade preocupante, onde a diversidade é um desafio a ser enfrentado. A USP reconhece a necessidade de ações para tornar a universidade um ambiente mais acolhedor e inclusivo, visando não apenas o ingresso, mas a permanência e o respeito a todos os seus estudantes e servidores.

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