Indígena do povo Pataxó Hã Hã Hãe é morta a tiros em conflito por terras no sul da Bahia.

Neste domingo (21), uma trágica notícia chocou a cidade de Potiraguá, no sul da Bahia. Uma indígena do povo Pataxó Hã Hã Hãe foi assassinada a tiros durante um conflito por terras, que também deixou pelo menos três outras pessoas feridas nas proximidades da Terra Indígena Caramuru-Paraguassu.

Segundo informações do MPI (Ministérios dos Povos Indígenas), o incidente foi desencadeado por uma invasão de fazendeiros do grupo autointitulado “Invasão Zero”, que buscava retomar uma fazenda reivindicada pelos Pataxó Hã Hã Hãe no dia anterior.

Como resposta, cerca de 200 ruralistas da região foram convocados pelas redes sociais pelo MPI a participar da ação. Caminhonetes cercaram a área, como mostrado em um vídeo publicado nas redes do Mupoiba (Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia).

A vítima, Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, era irmã do cacique Nailton Muniz, que também foi atingido por disparos de arma de fogo. Um ruralista também foi atingido por uma flecha, de acordo com a Polícia Militar da Bahia. Os três foram encaminhados ao Hospital de Potiraguá, a 20 km do local do confronto.

Maria de Fátima recebeu atendimento médico, mas não resistiu aos ferimentos. O cacique Nailton Muniz foi transferido para o Hospital Cristo Redentor, em Itapetinga, a 79 km de Potiguará. Não há informações sobre o seu atual estado de saúde.

Dois homens apontados como integrantes do movimento “Invasão Zero” foram presos em flagrante e autuados por homicídio e tentativa de homicídio. Quatro armas de fogo apreendidas com o grupo foram encaminhadas para o Departamento de Polícia Técnica. O caso será investigado pela Polícia Civil da Bahia.

O movimento Invasão Zero foi criado por produtores rurais do sul da Bahia na tentativa de impedir invasões de terras por parte do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), no início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Este incidente ocorre apenas um mês após o assassinato do líder indígena Lucas Santos de Oliveira, o Lucas Kariri-Sapuyá, em Itaju do Colônia, outra localidade próxima. A Terra Indígena Caramuru-Paraguassu, que fica entre os municípios de Itaju do Colônia, Pau Brasil e Camacan, possui 54 mil hectares e abriga cerca de 2.800 pessoas. O território tem um longo histórico de conflitos fundiários entre fazendeiros e indígenas.

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) convocou uma reunião com parte do secretariado e comandantes de forças de segurança para monitorar a atuação dos órgãos estaduais envolvidos na resolução do conflito. Ele também prestou solidariedade à comunidade indígena e anunciou uma parceria com o Governo Federal para tratar do caso.

A Secretaria da Segurança Pública do estado determinou o reforço, por tempo indeterminado, do patrulhamento ostensivo na região.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, planejou embarcar no sul da Bahia junto a uma comitiva do Ministério nesta segunda-feira (22). A pasta informou que está acompanhando o caso e fazendo interlocuções com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, o do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e a SSP-Ba (Secretaria de Segurança da Bahia).

O triste episódio de violência reforça a urgência de soluções para os conflitos fundiários entre fazendeiros e indígenas na região, e a pressão para que as autoridades públicas atuem de forma eficiente e eficaz para garantir a segurança e os direitos das comunidades indígenas afetadas.

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