Desistência do Ensino Superior: Motivações, Consequências e Reflexões sobre o Mercado de Trabalho

No Brasil, a ideia de que ter um diploma é a chave para garantir sucesso na carreira é senso comum —e desistir da graduação voluntariamente ainda é um tema sensível. A decisão de desistir do ensino superior, na maioria das vezes, transita em três principais “faltas”: de interesse, de tempo de conciliar os estudos com a rotina de trabalho, e de dinheiro. Muitos jovens se veem pressionados a seguir um caminho acadêmico, mesmo que não seja o mais adequado para eles.

O Mapa do Ensino Superior, do Instituto Semesp, indicou, ainda, que, nos últimos anos, o ensino superior tem perdido força. O relatório analisou dados de 2017 a 2021 que apontam que 55,5% dos alunos desistiram da universidade e apenas 26,3% concluíram os cursos. Desistir do curso superior não é fácil e um dos momentos mais temidos pode ser o de comunicar a família. Muitas pessoas se sentem desapontadas e criticadas por seus familiares quando tomam a decisão de abandonar a faculdade.

Derek Macedo França, por exemplo, enfrentou o desapontamento da família quando decidiu trancar a faculdade de matemática que cursava na Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Ele se viu em uma situação difícil ao tentar conciliar os estudos com o trabalho como professor, e percebeu que pouco do que aprendia na universidade aplicava na sala de aula. Foi quando decidiu prestar concurso para o Corpo de Bombeiros, onde atua como professor hoje.

Julia Nascimento é outra jovem que enfrentou o peso de desistir da faculdade. Embora trabalhe em um escritório de advocacia como analista de processos e utilize a língua alemã no trabalho, ela teme que a falta de diploma afete suas chances de ser promovida ou de morar em outro país. Muitas vezes, os jovens se veem pressionados a seguir um caminho acadêmico, mesmo que não seja o mais adequado para eles.

O mercado de trabalho também tem se mostrado desafiador para os recém-formados, com muitos enfrentando dificuldades para ingressar em suas áreas de formação. Uma pesquisa da Geofusion, divulgada no fim do ano passado, demonstrou que apenas uma em cada dez pessoas formadas consegue ingressar no mercado de ensino superior. Isso tem levado muitos a questionarem a importância e o custo-benefício de uma graduação.

A decisão de desistir da faculdade pode ser complexa e carregada de incertezas. No entanto, histórias como as de Derek e Julia mostram que a falta do diploma não necessariamente determina o sucesso ou a satisfação na carreira. Como em qualquer decisão, é fundamental que os jovens avaliem cuidadosamente suas metas, interesses e circunstâncias pessoais antes de traçar seu caminho profissional.

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