Segundo Junior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Yanomami, quase todas as comunidades do território estão enfrentando casos de malária atualmente. Dados do Ministério da Saúde comprovam a ineficácia das ações até o momento, com um aumento de 19% nas mortes por malária em comparação ao ano anterior.
Além disso, as notificações da doença também cresceram consideravelmente, atingindo níveis recordes. O DSEI Yanomami registrou 25.895 casos de malária em 2023, representando 20% do total no país e uma alta de 64% em relação ao ano anterior. As ações do governo para controle da doença têm mostrado-se insuficientes, especialmente devido à presença dos garimpeiros, que criam um ambiente propício para a propagação da doença.
A comunidade científica aponta que a alta mobilidade dos garimpeiros e as condições precárias criadas pela mineração ilegal geram núcleos de transmissão da malária, afetando diretamente as aldeias do entorno. A dificuldade de acesso a essas comunidades, impulsionada pela presença dos garimpeiros armados, agrava ainda mais a situação.
Enquanto o governo enfatiza investimentos na região e a reabertura de unidades de saúde, as lideranças indígenas clamam por uma presença mais ativa das autoridades na região, a fim de garantir a segurança e o atendimento de saúde efetivo para a população yanomami. A falta de ações contínuas e a desmobilização das equipes de saúde durante o segundo semestre de 2023 pioraram ainda mais a situação.
Finalmente, o governo anunciou a instalação de três bases de vigilância no território yanomami, em um esforço para conter as invasões de garimpeiros. No entanto, a eficácia dessas medidas ainda precisa ser comprovada. Enquanto isso, a população indígena continua enfrentando uma realidade preocupante, com casos crescentes de malária e outras doenças relacionadas à situação precária e à presença ilegal de garimpeiros em seu território. A situação exige atenção imediata e ações efetivas do governo para evitar uma tragédia humanitária.