Governo de São Paulo desiste de pedir demolição de quase 900 casas na Vila Sahy em São Sebastião

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) surpreende ao desistir de pedir à Justiça a demolição de quase 900 casas na Vila Sahy, área de encosta da cidade de São Sebastião onde 64 pessoas morreram em deslizamentos em fevereiro do ano passado. A decisão veio após uma série de atos e manifestações por parte dos moradores que se negavam a deixar seus imóveis.

O próprio governador conversou com representantes desses moradores nesta quinta-feira (18) e assumiu um compromisso de retirar a ação. Em nota, a gestão estadual afirmou que a decisão está fundamentada no compromisso mútuo de construir um projeto coletivo que acolha e ofereça moradia digna às famílias que residem na área. O governo de SP segue presente e garantindo atendimento habitacional a todas as famílias afetadas.

Essa reviravolta representa o segundo recuo do governo desde o final do ano passado, quando também havia desistido de um pedido de urgência para a demolição de todas as casas consideradas em área de risco. O estado considerava inicialmente demolir 393 casas, mas esse número foi mais do que dobrado após um laudo técnico indicar a necessidade de ampliar as remoções para obras de drenagem, contenção e reurbanização do bairro.

O laudo, encomendado pela ONG Gerando Falcões, indicou a necessidade de demolir mais de 70% das casas da Vila Sahy devido à possibilidade de novos deslizamentos. No entanto, esse laudo foi contestado por moradores, Ministério Público e especialistas. Dessa forma, a decisão do governador em desistir da demolição é vista como uma vitória para os moradores que resistiam a deixar seus imóveis.

O governo, no entanto, tem planos para a construção de 1.510 unidades habitacionais subsidiadas em São Sebastião para os moradores de áreas de risco. A ideia de iniciar um financiamento imobiliário pela CDHU, mesmo com parte da parcela paga pelo governo, desagrada parte dos moradores que construíram imóveis irregularmente na Vila Sahy, em especial aqueles que possuem pequenos negócios no local ou obtinham renda extra com aluguéis de curta duração na temporada.

Apesar de irregular, o bairro tem cerca de 30 anos e está consolidado, com ruas e vielas pavimentadas e ligação de energia elétrica. A retirada do pedido de demolição representa uma mudança importante na postura do governo em relação à situação dos moradores da Vila Sahy. Este revés na estratégia do governador pode representar um novo começo para as famílias que lutavam para manter seus lares diante das ameaças de demolição.

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