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Sistema de drenagem da Baixada Fluminense não funciona e causa enchentes prolongadas, diz especialista da UFRJ

A demora na diminuição do nível da água na Baixada Fluminense após enchentes tem gerado questionamentos por parte da população local. Mesmo com dias de sol e calor intenso, a água permanece em níveis elevados, o que tem causado preocupação e desconforto para os moradores da região.

Em entrevista à Agência Brasil, o professor de Recursos Hídricos do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Paulo Canedo, explicou que o principal problema está no sistema de drenagem, que não está funcionando de forma adequada. Segundo ele, as comportas não estão operando conforme o esperado e a falta de manutenção nos últimos dez anos tornou a infraestrutura inoperante.

A chuva intensa que caiu no último final de semana foi um dos fatores que contribuiu para a situação caótica, juntamente com a questão da poluição, acúmulo de lixo e assoreamento de rios. Canedo ressaltou que, mesmo com esses problemas, se o sistema de drenagem estivesse funcionando corretamente, a situação seria muito menos crítica.

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) explicou que a Baixada Fluminense está situada abaixo do nível do mar da Baía de Guanabara, o que pode causar inundações e dificultar o escoamento da água. No entanto, Canedo afirmou que outras regiões do mundo, como a Holanda e Veneza, também são baixas e planas e não sofrem com inundações constantes.

O professor também mencionou o Projeto Iguaçu, que foi desenvolvido nos anos de 2005 e 2006 para solucionar o problema das enchentes na região. O projeto, incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), recebeu investimentos e foi considerado um dos melhores projetos apresentados ao PAC. No entanto, a falta de investimentos nos últimos anos prejudicou a continuidade e eficácia do projeto, o que agravou o cenário atual.

Apesar das dificuldades financeiras enfrentadas pelo estado e pelo país, Canedo acredita que o Projeto Iguaçu poderá ser retomado e que os próximos governos darão continuidade ao trabalho já iniciado. Ele destacou a importância de não abandonar as conquistas já feitas e de manter os investimentos em defesa contra inundações para evitar prejuízos maiores no futuro.

O professor enfatizou a importância de realizar obras físicas e serviços de forma estratégica, considerando toda a bacia hidrográfica, para evitar que obras paliativas apenas troquem os problemas de lugar. Ele alertou para a necessidade de analisar o impacto de tais medidas, para não causar inundações em outras áreas que antes não eram afetadas.

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