Operação para distribuição de cestas básicas aos yanomamis falha em cumprir meta e enfrenta desafios logísticos e operacionais

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), enfrentou dificuldades significativas para cumprir a meta de distribuição de cestas básicas aos indígenas yanomamis ao longo de 2023. Documentos internos obtidos pela Folha de S.Paulo revelaram os desafios enfrentados pela operação na Terra Indígena Yanomami, que não foi capaz de acabar com a desnutrição e o garimpo ilegal, mesmo após o decreto de emergência sanitária.

Segundo os relatórios, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) calculou que seriam necessárias 9.000 cestas básicas por mês para suprir as necessidades alimentares dos yanomamis, sendo que cerca de 8.300 unidades deveriam ser entregues por meio aéreo, com o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB). No entanto, os relatórios indicam que o governo não atingiu nem perto desse patamar.

Apesar do esforço das Forças Armadas, que distribuíram mais de 36,6 mil cestas de alimentos, realizaram mais de 3.000 atendimentos médicos e detiveram suspeitos, a operação enfrentou oscilações e falta de constância no esforço para garantir a entrega regular de cestas básicas, principalmente em áreas vulneráveis à violência e ao garimpo.

A situação se agravou em dezembro, com a entrega de pouco mais de 500 pacotes, o pior número de todo o ano de 2023. A desnutrição e o garimpo ilegal voltaram a ganhar força, sendo que o hospital improvisado para atendimento indígena seguiu superlotado um ano após o início da desintrusão.

Em resposta às dificuldades, o governo Lula anunciou um investimento adicional de R$ 1,2 bilhão para a operação e estuda propostas para que a distribuição de cestas seja feita de forma autônoma por outros órgãos, em meio a relatos de insatisfação com a atuação dos militares. No entanto, o aporte financeiro se tornou urgente devido à desmobilização gradual do Ministério da Defesa, que inviabilizou as atividades previstas para o final de 2023.

Diante disso, mais de 34 mil cestas básicas ficaram encalhadas no final do ano, com a necessidade de entrega até março do ano seguinte. A Diretoria de Pesquisa do Ministério da Defesa alertou para a limitação das instalações militares, que poderiam não atender aos requisitos de normas sanitárias para estocagem de alimentos.

A operação na Terra Indígena Yanomami começou em janeiro de 2023, após o decreto de emergência sanitária devido à desnutrição e ao garimpo ilegal, mas enfrentou desafios decorrentes da falta de constância no esforço das Forças Armadas e de condições meteorológicas adversas. A complexidade da logística e a demanda constante por mais aeronaves também foram empecilhos relatados nos documentos obtidos pela Folha de S.Paulo.

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