O curso gerou reações tanto do corpo discente quanto do corpo docente, levando a universidade a cancelar sua realização. Em nota, a USP afirmou que a decisão foi tomada para preservar a instituição como uma entidade pública e laica, e que o cancelamento foi feito pela Comissão de Cultura e Extensão da EACH, responsável pelas atividades de extensão na universidade.
Uma obstetriz e ex-aluna da faculdade, Ana Cristina Duarte, criticou o curso, alegando que o mesmo continha concepções equivocadas sobre família e gênero, além de considerá-lo um retrocesso. Ela argumentou que a universidade é laica, portanto não faz sentido misturar religião em seus cursos.
O programa do curso afirmava que, para se ter uma família, “é necessário dois gametas paternos e maternos, dessa forma, a família tradicional se origina no momento em que há uma união de um homem e uma mulher, e o resultado é a concepção de um novo ser, que foi gerado e crescerá e se desenvolverá no útero materno por até 42 semanas de gestação.” O texto também declarava que o curso respeitaria “a abordagem cristã ao apresentar cada temática com seu arcabouço teórico e científico”.
Além disso, as aulas visavam refletir a espiritualidade em etapas fisiológicas como concepção, desenvolvimento e crescimento do feto, parto, nascimento e pós-parto, e também abordar o luto e refletir a espiritualidade no processo de perda fetal. O curso também objetivava atualizar os profissionais da área da obstetrícia e enfermagem obstétrica, seja no pré-natal, parto ou pós-parto.
A decisão de cancelar o curso foi vista como uma demonstração do compromisso da USP com os princípios laicos de ensino e sua responsabilidade como instituição pública, refletindo a importância de promover um ambiente inclusivo e plural dentro da universidade.