Repórter São Paulo – SP – Brasil

Desmatamento e agricultura ameaçam a caatinga, bioma do Nordeste brasileiro, evidencia estudo publicado na revista Scientific Reports.

A expansão da agricultura, da pecuária e do desmatamento tem ocasionado mudanças significativas na caatinga, bioma exclusivamente brasileiro que se estende por dez estados do Nordeste e Sudeste. Atualmente, 89% desse bioma tem sido coberto por áreas agrícolas e pastagens, deixando apenas 11% da área coberta pela vegetação característica da região.

Um estudo realizado por biólogos das universidades federais da Paraíba (UFPB) e de Pernambuco (UFPE) revelou que a caatinga tem sofrido um declínio alarmante na cobertura vegetal. De acordo com as análises, a área que outrora foi coberta por florestas, correspondente a 84,6% da área total do bioma, caiu para apenas 4%. Além disso, a vegetação arbustiva avançou 390% sobre as matas fechadas e mais densas, evidenciando a degradação ambiental causada pela ocupação humana.

O principal autor do estudo, o biólogo Helder Araujo, ressaltou que a caatinga tem resistido às condições climáticas adversas, mas não tem suportado a interferência humana. A ocupação por atividades agropecuárias, juntamente com o desmatamento, causou um grande impacto no bioma, resultando em mudanças drásticas na cobertura vegetal.

Além disso, a exposição ao sol e a menor cobertura vegetal resultam em uma diminuição da água no solo, agravando ainda mais o cenário de degradação. Apesar das estimativas do Ministério do Meio Ambiente e da organização MapBiomas calcularem que resta entre 47% e 53% da caatinga, a realidade é que a expansão da agropecuária já ocupa 35% da área do bioma.

No entanto, os pesquisadores também apresentaram alternativas e possibilidades para a restauração da vegetação nativa. Estudos indicaram que a recuperação das matas nativas poderia evitar a perda de água do solo e aumentar a produtividade das áreas, principalmente em anos de estiagem. Também foram realizados experimentos em campo demonstrando uma sobrevivência acima de 80% de mudas cultivadas em viveiros de plantas e levadas para o campo.

Araujo, juntamente com outros pesquisadores, enfatizou a importância da restauração da caatinga e da implementação de práticas agropecuárias sustentáveis para reverter o cenário de degradação e pobreza que tem marcado o bioma. Em 2020, o programa Nexus Caatinga publicou um livreto com sugestões de técnicas para a conservação de água, reforçando a importância da integração entre conservação ambiental e atividades econômicas na região.

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