De acordo com o ativista, o ministério estaria promovendo “muita festa, muita viagem internacional, muito discurso, muito do mesmo e nada do necessário” para atender às necessidades da população Yanomami. Ele classificou essa postura como “uma lástima” e questionou a eficácia das ações do governo federal diante da crise.
As críticas de Munduruku surgem um ano após o governo federal ter decretado estado de emergência na saúde pública da região. Na última terça-feira, 9, o governo anunciou uma estratégia para a região, que inclui a construção de uma unidade de saúde e postos de segurança permanente, visando conter a atuação ilegal de garimpeiros na região.
No entanto, as denúncias de Munduruku evidenciam a ineficácia das medidas adotadas até o momento. No início do ano passado, o presidente da República, acompanhado de uma comitiva do Ministério da Saúde e do Ministério dos Povos Indígenas, visitou a região e constatou graves quadros de insegurança alimentar, desnutrição infantil e falta de acesso à saúde.
Especialistas do SUS apontam que a principal causa da desnutrição na população Yanomami está relacionada ao uso de mercúrio, substância utilizada por garimpeiros que polui os rios e os peixes que servem de alimento para os habitantes locais. Além disso, a região enfrenta constantes conflitos armados com garimpeiros, cujas atividades em terras indígenas cresceram 495% entre 2010 e 2020.
Diante desses desafios, as críticas de Munduruku oferecem um alerta sobre a urgência de medidas efetivas e um planejamento mais consistente para a solução dos problemas enfrentados pela população da reserva Yanomami. A atuação do Ministério dos Povos Indígenas e do governo federal é posta em xeque diante da falta de resposta satisfatória diante de uma crise que se arrasta há mais de um ano.