Antropólogo Roberto DaMatta revela como a polaridade dos indígenas apinayés pode ser comparada com a polarização política brasileira.

O antropólogo Roberto DaMatta, aos 87 anos, voltou a visitar os índios Apinayés e revela as descobertas e emoções desse reencontro em entrevista à Folha. O autor do clássico “Um mundo dividido: a estrutura social dos índios Apinayés”, publicado em 1976, descreve o impacto da polaridade presente na organização da comunidade indígena e compara com a polarização política brasileira.

O sistema de metades dos Apinayés é descrito como um meio de melhor distinguir, sem liquidar o outro. DaMatta destaca que a polaridade existente nas sociedades humanas, seja tribal ou industrial, busca encontrar maneiras de conjugar a esquerda com a direita, sem necessariamente buscar a vitória de um sobre o outro.

Além disso, o antropólogo critica o marco temporal das terras indígenas no Brasil, apontando que a classe privilegiada será inocentada e alega que o Brasil está mudando para pior coisas que funcionam bem. Ele também expressa preocupação sobre as novas ameaças ao território indígena e ressalta a importância de registrar a vida dos Apinayés.

DaMatta revela a surpresa e o afeto que viveu durante o reencontro com os Apinayés, destacando a importância do afeto na política brasileira. Ele também ressalta que os rituais e cerimoniais dos Apinayés continuam vivos e evidencia a influência regional sobre as aldeias.

O antropólogo também destaca a necessidade de compreensão das polarizações à luz da história e critica a falta de costumes que sustentem a democracia no Brasil. Ele ressalta a importância da diversidade em regimes autoritários e aponta que a capacidade de compreender melhor nossa condição é vital.

DaMatta também revela as visões dos Apinayés sobre a morte, descrevendo o materialismo singelo e a vida após a morte na aldeia dos mortos. Ele expressa o desejo de conhecer essa aldeia após sua morte, enfatizando sua recompensa ao estudar e conviver com os índios.

Além disso, um raio-x detalha a trajetória e a carreira de DaMatta, desde sua formação em História até sua atuação como antropólogo e autor de mais de uma dezena de livros. A entrevista revela as experiências do antropólogo e suas reflexões sobre a vida e a sociedade, incluindo o Brasil e as comunidades indígenas.

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