Reconhecido como um dos maiores expoentes da cultura negra no século 20, Abdias do Nascimento foi responsável por idealizar e criar o Teatro Experimental do Negro (TEN). Esta companhia teatral foi composta por operários, empregadas domésticas e trabalhadores sem formação e teve início em 1944, chegando a ter um programa televisivo na antiga TV Tupi, que abordava questões relacionadas à cidadania e conscientização racial.
Além de seu trabalho no teatro, Abdias também foi o idealizador do Museu da Arte Negra (MAN), que teve sua exposição inaugural no Museu de Imagem e do Som do Rio de Janeiro em 1968, no mesmo ano em que o intelectual partiu para o exílio nos Estados Unidos. Durante sua estadia na América do Norte, atuou como professor emérito de culturas africanas na Universidade de Nova York e em outras instituições de ensino.
Após 13 anos de exílio durante o regime militar, Abdias retornou ao Brasil e fundou o Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros. Neste período, também participou da fundação do Movimento Negro Unificado contra o Racismo e a Discriminação Racial e contribuiu para a criação do Memorial Zumbi. Sua atuação também incluiu o cargo de consultor da Unesco, deputado federal e senador.
Abdias do Nascimento faleceu aos 97 anos em 2011, e suas cinzas foram depositadas na Serra da Barriga, em Alagoas, local que foi palco da República dos Palmares. Com a inscrição de seu nome, também conhecido como Livro de Aço, Abdias do Nascimento receberá o mesmo título de Herói da Pátria dado ao líder quilombola Zumbi dos Palmares, um reconhecimento mais do que merecido para um homem que dedicou sua vida a lutar pela igualdade e valorização da cultura negra no Brasil.