Estudo global revela impacto subestimado da seca extrema em ecossistemas abertos, com 60% de redução na capacidade de crescimento das plantas.

Um estudo global recém-publicado no periódico especializado PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences) revela consequências preocupantes da seca extrema em ecossistemas abertos. A pesquisa, que abrangeu 100 localidades em todos os continentes (exceto a Antártida), apontou que os impactos desses eventos foram subestimados até então.

O estudo, coordenado por Melinda Smith, da Universidade do Estado do Colorado, simulou secas rigorosas em diversas regiões do mundo, incluindo quatro áreas de estudo no Brasil, nos municípios de Mamanguape (PB), Eldorado do Sul (RS) e Mineiros (GO). O método utilizado consistiu em “secas artificiais”, realizadas por meio de telas transparentes de plástico que cobriam trechos do solo, impedindo parcialmente o contato da chuva. Essas telas foram usadas em ambientes de vegetação baixa, como o cerrado, pampa e uma área de transição da mata atlântica.

Os resultados obtidos revelaram que o efeito negativo da seca extrema sobre a capacidade de crescimento das plantas foi 60% mais grave do que em situações corriqueiras de falta de chuva. A análise mostrou ainda que as localidades com maior diversidade de espécies sofreram menos com os impactos da seca, sinalizando que a biodiversidade pode ser um fator de resiliência frente a esses eventos extremos.

A pesquisadora Melinda Smith ressaltou a importância do estudo, considerando-o o maior experimento de campo cooperativo sobre mudanças climáticas já realizado. Segundo ela, a quantificação dos efeitos de um único ano de seca extrema é verdadeiramente sem precedentes.

A medida utilizada pelos cientistas para avaliar o impacto das secas foi a produtividade primária, que mede a capacidade da vegetação de crescer e produzir mais biomassa a partir da fotossíntese. Em média, a queda de produtividade nos locais com seca extrema foi de 35%, enquanto nos locais com secas consideradas normais a queda foi de 21%.

Os resultados do estudo chamam a atenção para os riscos que os ecossistemas de vegetação rasteira correm em um cenário de mudanças climáticas, com tendência de aumento da frequência e intensidade de eventos extremos. Além disso, ressaltam a necessidade de medidas de preservação e conservação da biodiversidade como estratégia de resiliência frente às consequências das secas extremas.

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