Natural de Fortaleza, a vida de Maria Norma foi moldada por sua paixão pelas artes visuais e pelas palavras. Mesmo com o avanço da tecnologia, ela continuou trocando cartas, pois acreditava que tudo poderia se transformar. Até mesmo os materiais que colhia, como folhas e palhas, serviam de inspiração para suas obras.
Apesar dos desafios financeiros, a artista permaneceu firme em suas escolhas, inclusive recitando poemas em restaurantes como forma de conseguir recursos para suprir necessidades básicas. Sua dedicação às artes a levou para diversas cidades, onde se consolidou como uma verdadeira “cigana por natureza”, nas palavras de sua filha Taua, nascida em Brasília.
Para além das artes, Maria Norma também dedicou-se ativamente aos movimentos sociais, atuando em comunidades e apoiando causas ambientais e sociais. Em Manaus, conheceu o chileno Alberto Serra Gusmão, com quem se casou e teve sua filha mais nova, Tamara.
Seu envolvimento com a política a levou a filiar-se a partidos como o PT, PC do B e a apoiar o PSOL, demonstrando sua preocupação com questões sociais e de direitos humanos.
Mesmo mantendo uma rotina saudável, o diagnóstico de câncer abalou a artista. Após um tratamento que reduziu o tumor, Maria Norma faleceu aos 75 anos em decorrência de uma insuficiência respiratória. Antes de partir, ela deixou um pedido inusitado para suas filhas: uma festa em vez de um velório tradicional. O “festório” ocorreu no jardim do Theatro José de Alencar, em Fortaleza, como uma celebração de sua vida e legado.
No desejo de espalhar sua memória e suas palavras, as filhas buscam recursos para a publicação do livro póstumo “Pequeno Grande Livro de História da Palavra Havia”, concluído com a ajuda de amigos. Sua última vontade, de que suas cinzas fossem espalhadas onde o rio encontra o mar, foi cumprida, encerrando a jornada de Maria Norma, que deixou um legado marcado pela criatividade, generosidade e comprometimento com causas sociais.