Piloto de helicóptero desaparecido em SP teve licença cassada por transporte clandestino e fraudes; buscas entram no terceiro dia

O piloto Cassiano Tete Teodoro, que comandava o helicóptero que desapareceu na tarde de domingo (31), teve sua licença e todas as habilitações cassadas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em setembro de 2021 por transporte aéreo clandestino, fraudes em planos de voo e após ter escapado de uma fiscalização. Após ficar afastado pelo prazo máximo de dois anos, ele obteve uma nova licença em outubro do ano passado.

Além disso, a empresa que operava o helicóptero não tinha autorização para transporte aéreo de passageiros e, em 2022, o MPF (Ministério Público Federal) recomendou que várias empresas de aviação se abstivessem de alugar aeronaves às companhias de Teodoro, após identificar que ele atuava de forma clandestina.

As buscas pelo helicóptero entraram no terceiro dia nesta quarta-feira (3), e ainda não está claro se a viagem foi remunerada, o que configuraria uma infração. O nome de Teodoro foi mencionado como o condutor durante conversa sobre as condições meteorológicas com o dono de um heliponto em Ilhabela, local onde deveria ocorrer o pouso. Um documento do MPF também afirma que todos os voos da empresa CBA Investimentos, inscrita como operadora do helicóptero no registro da Anac, eram pilotados por Cassiano —que também era sócio da empresa.

A recomendação do MPF, feita em abril de 2022, afirmava que a CBA Investimentos e outra empresa de Teodoro, a VoeSP, estavam oferecendo “de forma pública, nas mídias sociais, serviço de transporte aéreo de forma irregular e clandestina, na modalidade táxi aéreo, gestão de aeronaves e voos panorâmicos, sem autorização da Anac, promovendo sua propaganda, em especial, através das redes sociais”.

Tanto a Anac quanto o MPF também dizem que Teodoro teria adulterado planos de voo e prestado informações imprecisas sobre as viagens. A agência de aviação ressaltou que o piloto não estava habilitado a realizar voos com passageiros, apesar de ter retomado a licença de piloto privado de helicóptero em outubro de 2023 –passado o período de punição.

Nesta quarta, aeronaves sobrevoam a região da Serra do Mar para tentar localizar o helicóptero desaparecido e os passageiros. Não havia sinal até a noite desta terça-feira (2), cerca de 48 horas após a notificação do desaparecimento.

A aeronave perdeu contato com o centro de comando depois de enfrentar trecho de forte neblina na região da serra. Vídeo e mensagens enviadas por piloto e passageira reportam ausência de visibilidade para sobrevoar a Serra do Mar e um pouso de emergência em área de mata.

Letícia Ayumi Rodzewics Sakumot, 20, viajava ao lado da mãe, a vendedora de roupas Luciana Marley Rodzewics Santos, 46. Elas moram na zona norte da capital paulista, no bairro do Limão. Segundo os familiares, Luciana e Letícia foram convidadas por um amigo da mãe para o passeio. O homem, que nas redes sociais se identifica como Raphael Torres, também estava na aeronave desaparecida.

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