Comunidade quilombola vive sob ameaça de despejo devido à expansão da base espacial de Alcântara no Maranhão

A comunidade quilombola Mamuna, localizada próxima ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, vivencia uma constante apreensão e incerteza em relação ao seu futuro e permanência no local. A relação entre os moradores e a base aeroespacial é marcada pela experiência recorrente da vibração do chão sempre que um foguete é lançado ao espaço, gerando temores e preocupações com a possibilidade de realocação compulsória.

A comunidade enfrenta o receio de ser despejada, uma vez que existem especulações sobre a ampliação da base, o que poderia resultar na transferência de Mamuna para outra região. Essas preocupações ganharam força com a revelação, pela Folha de S.P, de um plano de expansão do CLA, baseado em um acordo firmado pelo governo brasileiro com os Estados Unidos. Segundo o plano, a realocação de 350 famílias quilombolas de Alcântara seria necessária, contradizendo as declarações do então ministro Marcos Pontes, que negara a expansão do território.

O medo e a incerteza em relação ao futuro de Mamuna destacam a vulnerabilidade enfrentada pelas comunidades quilombolas em todo o processo de instalação e expansão do Centro de Lançamento de Alcântara. Durante a década de 1980, mais de 300 famílias de 32 comunidades foram realocadas de forma compulsória, em um processo que se tornou emblemático na luta pelos direitos quilombolas.

Além das preocupações com uma possível realocação, os moradores apontam os impactos negativos da transferência anterior, que resultou na concentração das famílias quilombolas em sete agrovilas, gerando problemas como falta de infraestrutura, acesso precário a saneamento básico e a promessa não cumprida de indenização por parte do Estado. A distância do litoral, onde a comunidade costumava obter alimentos por meio da pesca, também é um motivo de insatisfação, uma vez que as novas terras nem sempre são adequadas para o plantio e a subsistência.

A preocupação em relação à transferência vai além das questões materiais, abrangendo aspectos culturais, emocionais e familiares. Os moradores ressaltam a importância do território como fonte de alimentação, lazer e cura emocional, evidenciando a forte ligação com a terra e a resistência ao processo de realocação.

Portanto, as preocupações e incertezas vivenciadas pela comunidade quilombola Mamuna representam não apenas um desafio para a sua permanência no território, mas também um reflexo das complexidades e impactos negativos das políticas de expansão do Centro de Lançamento de Alcântara sobre as comunidades tradicionais da região.

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