Repórter São Paulo – SP – Brasil

Inflação controlada em 2023: especialistas apontam comportamento dos preços dos alimentos e política monetária como fatores determinantes.

O ano de 2023 foi marcado por um controle da inflação devido ao comportamento dos preços dos alimentos e à política monetária que impôs juros altos na economia. Especialistas ouvidos pela Agência Brasil destacam que estes foram fatores determinantes para a estabilidade da inflação ao longo do ano. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) fechou 2023 em 4,72%, o menor resultado dos últimos três anos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) demonstrou deflação no ano, com uma média de preços em queda de 3,18%.

Para Gilberto Braga, economista e professor do Ibmec, a manutenção da taxa básica de juros da economia, a Selic, em patamares altos ao longo de 2023 foi um dos fatores que contribuiu para o controle da inflação. Ele ressaltou que, apesar de alguns grupos de preços ainda pressionarem os índices, como o aumento nos aluguéis, o preço dos alimentos, de forma geral, apresentou queda, o que equilibrou as pressões de aumento.

Além disso, o pesquisador André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), destacou que os preços das commodities agrícolas e minerais, como soja, milho e trigo, tiveram quedas significativas ao longo do ano, contribuindo para a estabilidade da inflação. No entanto, apesar da deflação registrada no IGP-M, Braz observa uma tendência de aceleração deste índice, indicando uma possível migração para um terreno positivo.

Apesar da surpresa em relação ao aumento de preços controlados em dezembro, Braz acredita que de maneira geral, o comportamento dos preços dos alimentos contribuiu positivamente para a economia brasileira, permitindo que a inflação oficial ficasse abaixo do esperado.

Para o ano de 2024, a expectativa é que o comportamento dos preços permaneça semelhante, com tendência de queda na inflação. No entanto, a guerra entre Rússia e Ucrânia, a ofensiva israelense contra o Hamas e o fenômeno climático El Niño são fatores que podem representar desafios para o controle da inflação no próximo ano.

Apesar dos desafios, acredita-se que a trajetória controlada da inflação deve permitir mais cortes na taxa básica de juros, a Selic. A expectativa é que o Banco Central tenha condições de continuar reduzindo a taxa, podendo encerrar o ano de 2024 em torno de 9%.

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