Ambos foram militantes do movimento estudantil da USP e iniciaram seus estudos na década de 1970. Essas diplomações póstumas são as primeiras de um total de 33 homenagens que a universidade planeja conceder por meio do projeto. A finalidade é reparar as injustiças cometidas durante a ditadura e honrar a memória dos ex-alunos que perderam suas vidas em circunstâncias violentas.
De acordo com Renato Cymbalista, coordenador da Diretoria de Direitos Humanos e Políticas de Memória, Justiça e Reparação da PRIP, a concessão dos diplomas é uma forma de reconhecer a dívida histórica que a universidade tem com esses estudantes e suas famílias. Ele ressalta que muitos desses alunos tiveram destaque acadêmico e político, mas não puderam concluir seus estudos devido ao trágico desfecho de suas vidas.
A USP, em 2013, criou sua própria Comissão da Verdade para investigar as violações aos direitos humanos cometidas durante o regime militar e elaborou um relatório que aponta a morte de 39 alunos, seis professores e dois funcionários da universidade. Uma das recomendações dessa comissão foi a diplomação honorífica, que agora está sendo colocada em prática.
Alexandre Vannucchi Leme, com apenas 22 anos, era estudante de Geologia e ativista da Ação Libertadora Nacional (ALN). Ele foi preso, torturado e morto por agentes do DOI-Codi, órgão subordinado ao Exército. Já Ronaldo Mouth Queiroz, também estudante de Geologia e vinculado à ALN, foi morto a tiros por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops).
Ao conceder os diplomas honoríficos a esses estudantes, a USP reconhece a importância de preservar a memória desses jovens e reparar as violências cometidas contra eles. No entanto, o coordenador Renato Cymbalista ressalta que o Brasil ainda não foi capaz de fazer justiça em relação aos crimes da ditadura militar, ao contrário do que aconteceu em países como a Argentina. A luta por justiça e condenação dos perpetradores continua por parte dos familiares e amigos das vítimas.