Ano passado, nesta mesma hora, eu era quem estava assando com uma maçã vermelha na boca. O Natal do último ano foi marcado por uma intensa polarização ideológica, que impregnou as celebrações de muitas famílias brasileiras. Em um cenário onde as diferenças políticas parecem se sobrepor aos laços familiares, o clima de amor e união natalina deu lugar a disputas e desavenças.
Na minha própria família, pude presenciar os efeitos dessa polarização. Com quase 80 anos, meu familiar e eu, com quase 50, estávamos finalmente reunidos para a ceia de Natal. No entanto, a presença de divergências ideológicas obscureceu o ambiente festivo. Não éramos os únicos. A polarização atingiu também outros membros da família, que outrora estavam unidos por laços afetivos. Os tios que me acolheram quando criança, os primos com quem brinquei, todos afetados pela polarização política.
Em contraste com os Natais de outrora, marcados por disputas saudáveis em torno de questões como futebol, música e preferências pessoais, o clima atual de radicalismo político tem minado as relações familiares. Onde antes havia espaço para diversidade de opiniões, hoje parece que as discussões políticas se sobrepõem a tudo.
No entanto, diante desse cenário de desavenças, mantenho viva a esperança. Não podemos esquecer que escapamos de inúmeros perigos e ameaças ao longo do ano. A resiliência e a capacidade de superação diante dos desafios mantêm viva a chama da vida e da esperança.
Por isso, neste Natal, recuso-me a permitir que ideologias políticas estraguem a nossa ceia. Que possamos encontrar espaço para o diálogo e a compreensão, independentemente das diferenças de opinião. Meu desejo é que o espírito natalino prevaleça sobre o radicalismo político, proporcionando um momento de união e alegria para todos.
Assim, ao celebrar esta data tão especial, meu coração estará aberto para a família, para o amor e para a esperança. Que todos possamos brindar a vida em harmonia, deixando de lado nossas diferenças políticas em prol do verdadeiro espírito natalino.
