Defensoria Pública do Rio de Janeiro entra com pedido no STF contra apreensão de adolescentes na Operação Verão

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) está movendo uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a prática de apreensão de adolescentes em situações que não configuram flagrante de ato infracional ou por ordem judicial escrita. Essa prática de apreensão para fins de averiguação está prevista na Operação Verão, promovida pelo estado e município nas praias do Rio de Janeiro.

A disputa judicial em torno desse assunto teve início na última sexta-feira (15), quando a 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso proibiu esse tipo de ação pelos agentes de segurança. No entanto, o governo estadual e a prefeitura recorreram, e no dia seguinte (16), o presidente do Tribunal de Justiça (TJRJ), desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, suspendeu a decisão anterior, autorizando novamente as apreensões sem flagrante.

O Ministério Público Federal (MPF) também se manifestou contra a decisão do Tribunal de Justiça na terça-feira (19), acionando a Procuradoria Geral da República (PGR) e o Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública estadual para que ambos entrassem com recursos judiciais.

No pedido protocolado ao STF, a Defensoria Pública argumentou que o TJRJ desrespeitou uma decisão do próprio Supremo, datada de 2019, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 3.446. Na ocasião, os ministros da corte garantiram o direito de ir e vir dos adolescentes, considerando ilegais as apreensões apenas para averiguação e por perambulação quando desacompanhados ou desprovidos de recursos.

De acordo com a Defensoria, a Operação Verão é uma medida de contenção social que retira crianças e adolescentes dos espaços mais nobres do Rio de Janeiro, afetando majoritariamente a população negra e periférica, que é constantemente vigiada na cidade. Relatos de violações de direitos durante as operações têm chegado à Coordenadoria de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cdedica).

O coordenador do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos, defensor André Castro, enfatizou que durante a Operação Verão, ônibus são parados quando estão chegando na Zona Sul, e jovens pobres, na maioria negros, são retirados de lá, conduzidos à força para centros de acolhimento, onde passam o dia inteiro, mesmo sem nenhuma pendência legal. As famílias, muitas vezes sem recursos para pagar a passagem, têm que se deslocar até o centro de acolhimento para liberá-los.

A Defensoria Pública argumentou que essa prática fere os direitos fundamentais dos adolescentes e apelou para que o STF se posicione sobre o caso. A questão agora está nas mãos da Suprema Corte, que terá a responsabilidade de decidir sobre a legalidade das apreensões para averiguação durante a Operação Verão.

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