A reforma sancionada em 2017 pelo então presidente Michel Temer tinha como principal novidade a divisão da grade curricular em matérias obrigatórias comuns e disciplinas optativas, chamadas de itinerários formativos. A intenção era dar liberdade aos estudantes para escolher seu percurso com base em seu projeto de vida. Contudo, quando chegou às escolas, a implementação não foi bem sucedida em alguns casos, com itinerários pouco ligados ao currículo sendo sorteados entre os alunos, e falta de aulas de matérias essenciais.
Além disso, a reforma buscava incentivar o ensino técnico e as escolas de tempo integral. No entanto, a proposta de Novo Ensino Médio do Ministério da Educação, enviada ao Congresso em outubro, tem focado em aumentar a carga horária de matérias comuns. O debate também gira em torno dos itinerários formativos, em uma tentativa de deixá-los mais próximos do currículo tradicional ou de aprofundamento profissional.
Outra questão em destaque é a falta de infraestrutura em algumas escolas, o que pode limitar a implementação dos itinerários formativos. A desigualdade de condições entre as escolas públicas e privadas é apontada como um obstáculo, assim como a falta de laboratórios em escolas públicas para itinerários de aprofundamento em ciências.
Apesar da mobilização em torno do Novo Ensino Médio, especialistas concordam que o projeto não resolverá os problemas mais graves da etapa no país, como a evasão escolar. A discussão entre MEC e Congresso se concentra, quase por inteiro, em mudanças de currículo, sem olhar para questões estruturais como plano de carreira e boa formação de professores, infraestrutura nas escolas e planos para garantir a permanência do estudante.
O auxílio de R$ 200 mensais para estudantes de baixa renda, aprovado na Câmara, é visto com cautela, já que não resolve os problemas estruturais do ensino médio brasileiro. Portanto, apesar das tentativas de reforma, o ensino médio no Brasil ainda enfrenta desafios significantes que vão além da mudança de currículo.