As práticas de fé e a busca pela inclusão: um olhar sobre a diversidade nas manifestações religiosas.

Como jornalista, tive o privilégio de mergulhar em diferentes práticas de fé ao longo da minha vida. Desde a pré-adolescência, tive a oportunidade de adotar práticas orientais de reza longuíssimas, com queima de incensos e tilintar de sinos, até frequentar sessões mediúnicas e experimentar um enorme engrandecimento espiritual. Além disso, já participei de cultos evangélicos e pratiquei meditação com uma pegada mais espiritual.

No entanto, ao longo dessas experiências, pude perceber que muitas vezes o diverso não é representado de maneira igualitária nos templos e casas de oração. Geralmente, o “atendido”, o vitimizado e o espectador das manifestações religiosas são sempre os mesmos, enquanto o diferente raramente tem o espaço para se tornar um mensageiro, um padre, um líder espiritual, um pai ou mãe de santo.

Além disso, há uma falta de atenção àqueles cujo interesse por uma crença não está ligado à sua condição. Pessoas LGBTQIAP+ não buscam a cura gay, mas sim o direito às práticas religiosas. Da mesma forma, mulheres líderes de fé ainda são minguadas, e as manifestações de gênero precisam ser bem regradas.

Nesse sentido, o nosso tempo clama por reconhecimento enfileirar para questões que se somam à pobreza, à violência, aos abandonos, à doença e ao sofrimento emocional. Olhares menos estigmatizados para o que diverge do todo e mais calorosos para as aflições de querer se manifestar como qualquer outro vivente podem ser de muita luz.

Apesar da “benção gay”, autorizada pelo papa Francisco na Igreja Católica, representar um avanço diante de princípios milenares que precisam de amadurecimento histórico, é apenas uma migalha diante da inclusão pura e simples que afresca pela inclusão genuína, humana, justa e de Deus.

No final das contas, gostaria de testemunhar a inclusão pura e simples nos palcos da fé. Sem leis, sem regras, sem prioridades, sem alguém avisar, apenas ser, vir e estar, em todas as suas formas e manifestações. Acredito que esse é um caminho para uma sociedade mais justa e inclusiva, onde cada indivíduo é livre para expressar sua fé sem restrições ou preconceitos.

Que possamos celebrar as festas com um olhar voltado para a necessidade de inclusão e respeito à diversidade. Boas festas a todos!

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