Moradores de Ipatinga reclamam de poluição causada pela Usiminas e temem impactos na saúde após quase sete décadas.

Há muito tempo a população dos bairros Bela Vista e Cariru, em Ipatinga, região leste de Minas Gerais, convive com a problemática dos poluentes liberados anualmente pela Usiminas. O material expelido pela siderúrgica durante o processo de produção de aço, conhecido no local como “pó preto”, gera reclamações e muitos prejuízos à qualidade de vida da população local.

Maria das Graças Ribeiro, 72, funcionária pública aposentada, narra o sofrimento das “vovozinhas” que pedem para ligar para a Usiminas e solicitar a diminuição do pó. Para ela, a situação é ainda mais dolorosa, já que o marido faleceu vítima de câncer de pulmão, doença relacionada à inalação de partículas poluentes.

Essa realidade é compartilhada por outros moradores, como Maria Inês da Silva Oliveira, 56, administradora de imóveis, que relata o acúmulo de pó em suas residências, situação que tem impacto direto na saúde e na rotina dos cidadãos. A professora Maristania de Sousa Resende Soares, 63, também aponta as consequências negativas desse problema, relatando que os problemas alérgicos de seus filhos só desapareceram depois que ambos se mudaram.

A Usiminas, por sua vez, afirma que vem cumprindo todos os compromissos assumidos com o Ministério Público de Minas Gerais, além de realizar investimentos em projetos para melhorar o desempenho ambiental na cidade, como a instalação de uma central de monitoramento e uma rede automática de monitoramento de partículas lançadas na atmosfera e o investimento R$ 500 milhões em projetos ambientais.

Enquanto isso, a prefeitura tem buscado minimizar os impactos causados pela atividade exercida pela Usiminas, por meio de ações de planejamento urbano, com ênfase na arborização e preservação de áreas verdes. No entanto, ela não respondeu a questionamentos sobre os efeitos específicos do “pó preto” na saúde da população.

O Ministério Público de Minas Gerais, por sua vez, abriu ação contra a Usiminas em março deste ano, com pedido de pagamento de indenização por quase sete décadas de lançamento de poluentes no ar de Ipatinga, além de exigir a contratação de uma consultoria independente para analisar a relação do “pó preto” com doenças.

Diante desse cenário, a comunidade local sente-se desamparada, com uma sensação de cansaço e desconfiança em relação às melhorias. A espera é por respostas concretas sobre a influência das emissões poluentes na saúde e no bem-estar da população, em um embate que vem se arrastando por anos e que, até agora, não apresentou soluções efetivas para o problema.

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